Sem categoria

Érico Leal: O papel da Amazônia no desenvolvimento do Brasil

Parte 2
Esse é o olhar e a prática do Capital, qual o olhar do povo brasileiro, em particular do proletariado, sobre a Amazônia?
Por Érico Leal*

Um complexo ímpar de potencialidades a desafiar o gênio de nossa gente; a dialogar com o avanço científico e tecnológico para se realizar, com infraestrutura apropriada; um universo propício para o desenvolvimento das forças produtivas desde a química fina, siderurgia e metalurgia, alimentícia, calçados, têxteis, indústria naval, energia etc. Sem dúvida o seu desenvolvimento fortaleceria o mercado interno; impulsionaria o crescimento da produção de capital fixo; ampliaria o proletariado, o emprego e a renda do trabalho; utilizaria forma mais racional de infraestrutura intermodal de transportes (ferrovias, hidrovias, estradas e aerovias), desenvolvendo outra dinâmica sócio-econômica.

A Amazônia é um bem do povo brasileiro e deve ser usufruído pelo mesmo. Como incluir de forma justa no desenvolvimento nacional aproximadamente 20 milhões de brasileiros? Como ampliar e desconcentrar de forma inclusiva a população do país? Qual o investimento necessário na ciência, na tecnologia, na infraestrutura, no capital produtivo e recursos humanos para desenvolver a Amazônia? Qual a importância da Região para a Defesa Nacional? Qual o papel da Amazônia para a integração do Brasil com os oito países amazônicos da América do Sul?

Essas questões precisam ser respondidas a partir dos interesses nacional e popular. As tarefas que emanam dessa necessidade enfrentarão fortes interesses do capital financeiro, de multinacionais e associados, do imperialismo, de forças sociais conservadoras e reacionárias. Sem romper com as amarras neoliberais e com a divisão internacional subalterna, sem desenvolver tecnologia própria nas diversas áreas de conhecimento, produção e informática, sem enfrentar o latifúndio improdutivo, sem abandonar o pensamento colonial e o “complexo de vira-lata”, não avançaremos nem no pensamento, nem na prática.

Sobre a questão Amazônia não estamos partindo do zero. Há inúmeros estudos nacional e internacional, instituições de saberes e pesquisas científicas conceituadas, experiências a serem aplicadas e desenvolvidas, generalizadas. No entanto, sem o concurso do Estado enquanto indutor e protagonista de desenvolvimento com caráter produtivo, com sustentabilidade ambiental; que canalize todo o conhecimento e recursos suficientes ao projeto nacional, de forma soberana, com inclusão social e valorização da cultura, não ultrapassaremos barreiras e interesses de grandes magnitudes.

Integrar de fato a Amazônia ao Brasil é avançar na questão nacional, democrática e social. O desenvolvimento das forças produtivas, com agregação de conhecimentos e riquezas, em contraposição ao capital especulativo e à exportação de matéria- prima e insumos propicia uma liberação de energias que possibilita um passo significativo no fortalecimento do mercado interno; impõe novo sentido social e econômico ao latifúndio improdutivo; eleva a produção científica e tecnológica nacional; avança em infraestruturas e garante seguranças alimentar, energética, hídrica; aumenta a geração de emprego e renda; democratiza o acesso à riqueza ao povo brasileiro.

O PCdoB portador de um pensamento avançado sobre o Brasil possui todas as condições e instrumentais para evoluir sobre esse tema de relevância para o país. Mesmo a elaboração de um governo progressista como o PAS – Programa da Amazônia Sustentável ou o PAC de infraestrutura para a Região mantém a lógica de um país exportador de matéria-prima. A Amazônia deve ser compreendida enquanto potencial de desenvolvimento nacional, soberano, socialmente justo e democrático.

*Érico de Albuquerque Leal é Membro do Comitê Estadual do PCdoB-Pará.