Campanha britânica ameaça prender imigrantes sem documentos

Os cartazes controversos têm sido transportados por vans em seis bairros de Londres, a capital britânica, e enfrentado críticas contundentes de políticos de todos os partidos. No começo do mês, o cartaz em questão foi banido pela Agência de Padrões de Divulgação por usar dados enganosos (mas não por seu conteúdo ofensivo ou irresponsável).

        Foto: The Independent
   
       Van da campanha birtânica: "Ilegal no Reino Unido? Vá para casa ou enfrente a prisão".

O ministro Mark Harper, ainda assim, afirmou que apoia a campanha, em declarações à emissora pública BBC: “Eu não vejo qualquer problema com dizer às pessoas que não têm direito de estar no Reino Unido que elas não podem mais ficar aqui. Se [a campanha] for bem sucedida, vamos tentar estendê-la, e se não for, não vamos”.

Em julho, quando a campanha ocorreu, Diane Abbott, uma parlamentar do Partido Trabalhista cuja região foi uma das atingidas: “Eu não acredito que esta política vá alcançar algo mais do que impor o medo e o ressentimento”.

O secretário de Negócios, Vince Cable, disse que a campanha é “estúpida e ofensiva”, e até o líder do Ukip (partido que se apresenta como “libertário e não racista, que busca a retirada britânica da União Europeia”), Nigel Farage se manifestou, chamando os cartazes de “repugnantes” e “desagradáveis”. Ainda assim, uma pesquisa de opinião da YouGov mostrou que 47% do público aprovou a campanha.

Após uma investigação, a Agência de Padrões de Divulgação liberou a campanha das acusações de ser ofensiva, embora tenha sido alvo de 224 reclamações.

O cartaz transportado representava uma imagem próxima de alguém segurando um par de algemas e vestindo um uniforme com um distintivo do “Departamento Doméstico”, com um texto: “Está no Reino Unido ilegalmente? Vá para casa ou enfrente a prisão”.

Um texto em verde e no estilo de um carimbo oficial afirmava: “106 prisões na semana passada, na sua região”. E um texto menor, no fim do cartaz, dizia que os números eram do período de 30 de junho a 6 de julho, e cobriam bairros em que houve números significativamente acima da média ou muito baixos de rotas de partida voluntária para imigrantes sem documentação regularizada.

Yvette Cooper, secretária adjunta do Departamento Doméstico, disse que o governo deveria estar lidando com a situação de outras formas: “Já é tempo de o Departamento Doméstico prometer que irá descartar essas vans e nunca mais autorizar slogans do governo que remetam à Frente Nacional dos anos 1970”, em referência a um partido nacionalista e racista britânico de extrema-direita.

Com The Independent,
Da redação do Vermelho