NY Times: Governo dos EUA reabre após derrota dos republicanos

Congressistas republicanos e democratas chegaram a um acordo, nesta quarta-feira (16) à noite, classificado pelo jornal estadunidense The New York Times como uma derrota para os primeiros. O acordo permite a reabertura do governo, encerrado desde 1º de outubro, mas garante também o aumento temporário do teto da dívida norte-americana (já alcançado, em 16,7 trilhões de dólares), que o presidente Barack Obama vinha tentando evitar.

Entre os tópicos negociados há dias pelos republicanos e pelos democratas, sem sucesso, estão temas diretamente ligados à aprovação do orçamento para o ano fiscal de 2014, que começou no dia 1º de outubro.

      Foto: Doug Mills/The New York Times
  
   John A. Boehner, líder republicano, instruiu os partidários a irem para casa "de cabeça erguida" depois da
   votação, nesta quarta à noite.

A falha dos congressistas em aprová-lo na época devida causou a suspensão dos serviços públicos e de cerca de 800.000 funcionários do setor no país. Depois disso, uma sucessão de reuniões buscaram desenhar um acordo, com pontos de divergência essenciais.

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Nesta quarta à noite, porém, Obama cedeu na questão do teto da dívida pública dos Estados Unidos, que é elevado quase anualmente. O limite de 16,7 trilhões de dólares já havia sido alcançado na primeira metade deste ano, e a ameaça de um calote histórico vinha “assombrando” o país e a economia mundial, segundo a imprensa internacional.

Além do teto da dívida, também estava sobre a mesa a reforma da saúde impulsionada por Obama, aprovada em 2010, mas ainda em construção. Na negociação, os republicanos concederam neste sentido, em troca do aumento da dívida.

Assim, de última hora, a Câmara e o Senado aprovaram uma legislação que finaliza a suspensão de 16 dias do Governo Federal e estende o seu poder de crédito “para impedir um calote financeiro que poderia ter repercussões econômicas mundiais”, afirma o New York Times.

Votação, acordos e reabertura do governo

A votação no Senado foi intensa, com 81 votos a favor e 18 contra um plano de financiamento do governo até 15 de janeiro do próximo ano e de aumento temporário do limite da dívida, até 7 de fevereiro. A Câmara aprovou o plano do Senado com 285 votos contra 141.

De acordo com o New York Times, a maior parte dos republicanos da Câmara se opôs à medida, mas 87 deles votaram favoravelmente. “A divisão mostrou que os líderes republicanos estavam dispostos a violar a sua regra formal contra o avanço de propostas que não têm um apoio da maioria republicana para acabar com a suspensão [do governo]. Todos os 198 democratas apoiaram a medida”.

O impasse que, segundo o jornal, ameaçou as notas de crédito do país, “chegou próximo à derrota completa para os conservadores republicanos, que tinham criado um impasse orçamentário como forma de arrancar da nova lei da saúde o seu financiamento, ainda que a inscrição para os benefícios tivessem aberto no dia 1º de outubro, ou, fracassando nesse sentido, conseguir adiamentos na efetivação do programa”.

Obama assinou a legislação nesta quinta-feira (17), mas afirmou: “Temos que nos afastar do hábito de governar através da crise”, e instou o Congresso a continuar com novas negociações sobre o orçamento e sobre outras questões extremamente relevantes, como a imigração.

O Governo Federal reabre nesta quinta, e os funcionários públicos já foram instruídos a voltar ao trabalho. Entretanto, a crise fiscal e política deixou impactos importantes nos Estados Unidos e, principalmente, no Partido Republicano.

A suspensão do governo afundou os índices de aprovação dos republicanos, custou ao governo bilhões de dólares e prejudicou a credibilidade internacional dos Estados Unidos. Obama recusou-se a fazer concessões em questões usadas pelos republicanos para pressioná-lo, e isso os fez correr atrás de uma oportunidade de negociação.

Por isso tudo, afirma o New York Times, “os republicanos conseguiram um ligeiro endurecimento nas regras de verificação da renda para os estadunidenses que ingressem do plano de saúde criado pelo Ato de Cuidados Acessíveis”, impulsionado por Obama.

Com The New York Times,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho