EUA obteve informações lucrativas espionando México, diz agência
O governo mexicano manifestou, nesta segunda-feira (21) sua “categórica condenação à violação da privacidade das comunicações de instituições e cidadãos”. A declaração foi dada após o ex-assessor da CIA Edward Snowden revelar ao jornal alemão Der Spiegel que a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) espionou o ex-presidente do país Felipe Calderón por anos e obteve informações “lucrativas” sobre a tomada de decisões políticas no país.
Publicado 21/10/2013 15:54

“Esta prática é inaceitável, ilegal e contrária à lei mexicana e ao direito internacional", disse um comunicado do Ministério das Relações Exteriores. “Em uma relação entre vizinhos e sócios não são cabidas tais práticas; por isso, o diálogo institucional que sustentam as instâncias correspondentes é fundamental para manter sua relação de confiança e respeito”, continua o texto.
A reportagem publicada na revista alemã lembra que Felipe Calderón, o mandatário que colaborou de maneira mais estreita com Washington, não ficou a salvo da espionagem estadunidense. E aponta que “o tom usado pela agência para qualificar suas operações como ‘êxito tremendo’ ilustra o grau de agressividade com o qual o governo os Estados Unidos monitora seu vizinho do sul”.
Em maio de 2010, a divisão Tailored Access Operations, TAO produziu um informe ultrassecreto que reportava a tarefa de espionagem como missão cumprida e se referia à missão como uma fonte lucrativa já que permitiu o acesso a todo tipo de informação diplomática, econômica e de liderança do governo de Calderón. A agência pontua ainda que “este é só o começo. Temos a intenção de ir muito além deste objetivo”.
À TV Globo, o jornalista colaborador do diário britânico The Guardian Glen Greenwald, já havia denunciado que a NSA espionou o atual presidente mexicano Enrique Peña Nieto.
Apesar de ter conhecimento do fato, Peña Nieto foi bem menos enfático que a mandatária brasileira, Dilma Rousseff que, na Assembleia Geral da ONU, criticou veementemente a prática estadunidense que, segundo ela, era uma agressão a todas as normas e direito internacionais. Seu homólogo mexicano disse apenas que “pediria uma investigação”. O caso não teve prosseguimento até esta segunda (21) quando a chancelaria mexicana se pronunciou.
De acordo com a revista, o fato de políticos mexicanos e brasileiros terem sido espionados não é um fato isolado. Os documentos internos da agência demonstram que os dois países ocupavam os primeiros lugares de uma lista de objetivos de alta prioridade fechada em abril de 2013. A lista, classificada como secreta, foi aprovada pela Casa Branca.
À Der Spiegel, a NSA declarou que não vai se pronunciar sobre as denúncias, que se tratam de atividade de inteligência similar à adotada por todas as nações.
Da Redação do Vermelho,
com informações do La Jornada