Festival Novas Frequências amplia experiências musicais

Do dia 30 de novembro ao dia 08 de dezembro o Rio de Janeiro recebe a 3ª edição do Novas Frequências, festival de música contemporânea de vanguarda e novas tendências. Depois de sediar duas edições na cidade e um evento especial em São Paulo, o Novas Frequências amplia o seu formato em 2013.

O músico e produtor canadense Tim Hacker é uma das atrações do Novas Frequências
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Em sua terceira edição, o festival dedicado aos sons de vanguarda aumenta o número de atrações e inclui debates e festa a partir de 30 de novembro.Não vai ter “mão pra cima” e nem gente cantando junto. Mantendo o formato contemplativo e abrindo janelas para a festa e para a reflexão, o festival Novas Frequências — dedicado aos sons experimentais — chega à terceira edição, entre os dias 30 de novembro e 8 de dezembro.

Com 14 atrações inéditas, incluindo três nacionais, mais do que o dobro de sua primeira edição, em 2011, ele comprova o fortalecimento desse nicho nos subterrâneos da cidade, em eventos de inspiração semelhante, como as séries Quintavant, no Audio Rebel, ou Antimatéria, no SuperUber. Além das poltronas de sua sede original, o Oi Futuro Ipanema, o Novas Frequências 2013 vai ter uma versão pista, no La Paz, e uma série de debates no POP (Polo de Pensamento Contemporâneo).

"É um movimento que tem crescido em qualidade e quantidade",garante Chico Dub, idealizador e curador do festival. "E quem o mantém é um público curioso e bem inquieto, que vai aos eventos em busca de novidades, às vezes sem mesmo conhecer quem está tocando, o que é bem típico dessa geração. O Novas Frequências acaba funcionando como epicentro e uma espécie de reunião de fim de ano dessa turma".

As estrelas do festival, mais uma vez, são habitantes de reinos distantes do pop. A lista alienígena inclui o canadense Tim Hacker, com suas abstratas pinturas sonoras; o americano James Ferraro, criador de sons eletrônicos em formato lo-fi, o músico, professor e ensaísta inglês David Toop, teórico e prático das vanguardas musicais (ao lado do pioneiro local Chelpa Ferro) e o grupo paulistano São Paulo Underground, em sua primeira apresentação no Rio. Todos se apresentam no Oi Futuro Ipanema, entre os dias 3 e 8 de dezembro.

"São artistas de sonoridades inovadoras, em diferentes estágios de suas carreiras, que enxergam a música de forma ampla. Aposto muito no encontro do David Toop com o Chelpa Ferro, são dois pioneiros da vanguarda. Eles parecem bem entusiasmados com a parceria", conta o curador, que traz a psicodelia no sobrenome adotado. "E o teatro é o local perfeito para escutar esses sons, numa experiência imersiva, de atenção".

Nos debates — quatro painéis de discussão, nos dias 1º e 2 de dezembro, realizados em parceria com o British Council e intitulados Talking Sounds — a motivação por trás dessas experiências musicais vai ser aberta, revelando o código-chave desses multicriadores. A mediação vai ser dos pesquisadores Bernardo Oliveira e Fred Coelho.

"Todas atrações do festival têm outras atividades, que se complementam", explica Chico. Eles lançam tratados a cada disco, cada um com uma linha de raciocínio, nada é feito à toa. É preciso uma bagagem cultural para fazer esse tipo de som. Sempre quis um espaço para discutir o que estava sendo mostrado no palco.

E na festa de abertura, no dia 30 de novembro, com os DJs e produtores ingleses Miles, Heatsick e Lee Gamble, as experimentações do festival vão ser desafiadas a mostrar que podem ter ritmo também.

"Essas sonoridades são capazes de se moldar, nos levando de um ambiente sentado, como no teatro, à pista mais hedonista", aposta o curador.

Atrações musicais

Entre as atrações estão o artista sonoro David Toop (Inglaterra), um dos maiores intelectuais da música contemporânea em uma apresentação que terá a participação especial do coletivo performático multimídia carioca Chelpa Ferro; o guitarrista e compositor Stephen O’Malley (Estados Unidos), sem dúvida o mais festejado nome na seara do heavy metal experimental; o mestre das paisagens sonoras Tim Hecker (Canadá); James Ferraro (Estados Unidos), um documentarista dos sons que acompanham nossa vida tecnológica; as trilhas de filme de terror imaginárias do duo Demdike Stare (Inglaterra); Miles (Inglaterra), um colecionador de vinis raros e amante de techno, dub e industrial em iguais proporções; a união de free jazz, eletrônica lo-fi e ritmos regionais brasileiros do São Paulo Underground (Brasil/ Estatos Unidos); as desconstruções abstratas da eletrônica promovidas por Lee Gamble (Inglaterra); o exercício de extrair o máximo possível de um velho teclado Casio realizado por Heatsick (Inglaterra); os drones e a música ambiente sombria do capixaba Gimu; os layers sonoros corrosivos do paulistano Babe, Terror; e o surrealismo non-sense eletrônico do paulista Paulo Dandrea e do mineiro Fudisterik.

Com informações O Globo e Ascom do Festival