Tratamento dado por Brasil a haitianos será debatido na OEA
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) debaterá na próxima quinta-feira (31) as condições precárias em que se encontram os imigrantes haitianos no abrigo de Brasileia, no Acre.
Publicado 25/10/2013 17:14
O pedido foi feito pela ONG Conectas e Pastoral do Migrante. Os integrantes da comissão irão debater a condição dos cerca de 800 haitianos que vivem no abrigo e as dificuldades enfrentadas por eles na rota ilegal de imigração em diversos países e na obtenção de vistos humanitários junto ao Brasil.
Haiti ainda não superou a tragédia do terremoto
"Estivemos no abrigo em agosto e havia 800 pessoas em um local projetado para abrigar 200, grande parte com diarreia, dividindo oito latrinas, dez chuveiros e nenhum sabonete, num calor de 40ºC", diz João Paulo Charleaux, coordenador de comunicação da Conectas à Folha online. "Estão torturando as pessoas para desencorajar a vinda."
Ao jornal, o secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão, negou que as condições sejam precárias. "Situação grave é a dos imigrantes do norte da África, que morrem afogados tentando chegar na Europa e, quando conseguem chegar, são tratados como criminosos", disse.
Desde o terremoto de 2010, que agravou a situação humanitária no Haiti, já entraram no Brasil cerca de 20 mil cidadãos daquele país. Pelo abrigo de Brasileia, já passaram 11 mil vindos de forma irregular. Outros cerca de 3.500 obtiveram visto humanitário. Cerca de 5.800 obtiveram aval de residência permanente.
O governo brasileiro criou um visto humanitário para os haitianos em 2012 e, depois, eliminou a cota máxima de cem vistos por mês e a exigência de um documento obtido na embaixada brasileira em Porto Príncipe. Agora é possível obter o visto em outras embaixadas brasileiras.
Os haitianos chegam a pagar US$ 5.000 (R$ 11 mil) a "coiotes" (atravessadores). A rota rumo ao Brasil mais usada começa na República Dominicana, passa por Panamá e Equador e, depois, via terrestre, por Peru e Bolívia.
Procurado pela Folha online, o Ministério da Justiça não se pronunciou.
Com Folha online