Maria Prestes lança obra de memórias em Natal

 

Na noite da última quinta-feira (24), Natal foi palco do lançamento da obra Meu Companheiro – 40 anos ao lado de Luiz Carlos Prestes. O auditório da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte reuniu a militância comunista, amigos e pessoas interessadas em ouvir as histórias da autora Maria Prestes que, por quatro décadas, conviveu com o “Cavaleiro da Esperança”.

Além do viés político, Maria Prestes destacou a face humana do dirigente comunista Luiz Carlos Prestes, revelando os detalhes de um período tenebroso da história do Brasil, da missão que o destino lhe ofereceu e da vida de uma família marcada pela luta ideológica, pela clandestinidade, pelo exílio e pela força de sobreviver a tudo isso.

A obra não apresenta nenhum traço espetacular do líder comunista. A imagem de sua coragem, paciência, carinho e compreensão se contrapõem a do herói burguês, que não chora, não ri, não ama, nem amigos nem família fazem parte de suas preocupações. Ao contrário, o livro procura registrar a história “humana” de Prestes”, trazendo os aspectos do pai de família, que gostava de cozinhar, sempre ajudava nos afazeres domésticos, adorava jardinagem e sempre tinha roseiras e hortas em casa.

Em sua terceira edição, o livro escrito há 20 anos incorpora novos depoimentos e é apresentado em versão bilíngue (português e espanhol). O prefácio da edição traz a assinatura da presidenta Dilma Rousseff.

Maria Prestes

Filha de um militante comunista, a pernambucana Maria Prestes cresceu participando de atividades ao lado do pai. Aos 10 anos, já trabalhava em solidariedade às famílias de presos políticos, distribuía material em porta de fábrica, participava de passeatas e atividades como na luta contra a carestia e na campanha “O Petróleo é nosso”. Em 1947, com a cassação do registro do Partido Comunista, recebeu a tarefa de oferecer a segurança de Prestes.

Recentemente, Maria Prestes teve uma atuação decisiva no episódio que trouxe o arquivo soviético de Luiz Carlos Prestes para o Brasil. Graças a ela, que coordenou uma mobilização ativa de intelectuais, diplomatas e até presidentes (tanto do Brasil como da Rússia), hoje os inúmeros documentos de Prestes, principalmente os que se referem ao período do exílio, estão preservados no Arquivo Nacional, com acesso garantido aos pesquisadores em geral, historiadores e cientistas sociais.

De Natal, Jana Sá