CTB e FSM solidarizam-se com a luta do povo paraguaio

No Paraguai, o governo de Horário Cartes está implementando medidas que beneficiam o empresariado e prejudicam a classe trabalhadora. A mais recente ação do presidente foi a aprovação de uma lei que favorece as privatizações naquele país. Diante deste cenário a CTB e a FSM (Federação Sindical Mundial) para o Cone Sul manifestam ativa solidariedade ao povo paraguaio.

As duas entidades aderiram ao apelo lançado pela Frente Guasu, em que condena a brutal e selvagem repressão contra os sindicatos, trabalhadores, camponeses perpetrada no último dia 28 de outubro pelo governo de Horácio Cartes.

O documento denuncia o projeto da Aliança Público Privada (APP), aprovado pelo parlamento do país guarani, “resultado de um acelerado processo de concentração de poder nas mãos de uma pessoa, que coloca o Estado à deriva”.

A Frente Guasu considera que o Paraguai está vivendo um processo de ruptura da institucionalidade, já a beira de uma ditadura empresarial-militar clássica.

“Em meio à rejeição geral e de mobilizações cidadãs em todo o país, os deputados do Partido Colorado, o mesmo partido que apoiou a ditadura empresarial-militar de Stroessner e seus crimes, aprovaram um dos três pilares fundamentais do projeto de restauração no Paraguai”, diz o documento. 

Para a Frente Guasu, está em curso um projeto de uma direita nacional fascista, totalmente subordinada ao capital transnacional e ao projeto norte-americano e estritamente ligada à direita latino-americana. 

Os oposicionistas paraguaios analisam que se trata da mesma direita que na Argentina quer destruir o projeto nacional e popular, a mesma direita que na Bolívia preparou o desmembramento do Estado e o assassinato do presidente Morales, a mesma direita que, na Colômbia, cometeu e segue perpetrando os mais horrendos crimes contra a humanidade, a mesma direita que hoje trata de abortar o processo bolivariano na Venezuela, a mesma direita equatoriana golpista, a mesma direita hondurenha que abortou o processo democrático com o golpe contra Zelaya.

A Frente Guasu afirma que no Paraguai está sendo imposto a sangue e fogo um projeto global, conservador, autoritário, conduzido por Cartes, com o apoio direto dos setores econômicos e do capital transnacional.

Neste cenário, diz o documento, os proprietários dos meios privados de comunicação comercial são os pilares da propaganda, da luta hegemônica e do intento de legitimação deste roubo que está perpetrando contra o povo.

Este projeto de restauração, na opinião da Frente Guasu, se assenta sobre três pilares fundamentais.

O primeiro é o controle absoluto das forças armadas, destinadas hoje, à repressão do movimento social. A reorientação da doutrina, da política militar e de defesa, impulsionada pelos Estados Unidos, tem como ingrediente principal a criminalização da população e dos movimentos sociais, definidos como “inimigos e agressores internos”.

O segundo é o controle dos recursos financeiros do Estado. Isto ocorreu por meio da chamada Lei de Responsabilidade Fiscal, parte importantíssima do projeto de privatizações e de consolidação político-institucional pela qual as sociedades transnacionais e os empresários da soja e outros assegurarão o não pagamento de impostos sobre seus lucros.

O terceiro pilar, mas e não o menos importante, é o projeto aprovado no dia 28 de outubro: a Aliança Público Privada (APP) nas mãos exclusivas de Cartes e seus apoiadores, sem nenhum controle democrático e cidadão. Trata-se de impor um modelo de natureza neoliberal, já fracassado em toda a região. A imposição deste projeto é concomitante com a concentração de poderes e um governo autoritário, repressivo, baseado na criminalização das reivindicações populares e democráticas. Na realidade, o êxito deste projeto depende estritamente da concentração de poder que está sendo gestada no Paraguai.

Sem uma ditadura empresarial-militar, este projeto é inviável. A forma que tomará esta ditadura empresarial-militar será provavelmente guardando uma formalidade institucional, mas sustentada em assassinatos, perseguições, processos “legais” forjados contra dirigentes sindicais. O terrorismo de Estado, está em marcha, avalia a Frente Guasu.

O documento dos oposicionistas paraguaios destaca, porém, que apesar desta ofensiva geral desencadeada pelo governo de Cartes, a resposta dos setores sociais e de trabalhadores teve e tem uma dinâmica cuja virtude essencial é o reagrupamento das forças dispersas.

Esta dinâmica de resistência é a que está na base das atuais mobilizações de repúdio ao projeto neoliberal imposto pelo governo de Cartes.

A Frente Guasu assinala que a recuperação do movimento sindical que, desde o início do governo de Cartes, conseguiu rearticular-se setorialmente, hoje, está em pleno processo de reativação. As respostas dos trabalhadores do setor público contra as demissões e a privatização – dos setores energético, de comunicações, da educação, da saúde e outros caracterizaram-se pela grande capacidade de convocação e de mobilização.

Fonte: Portal CTB