Diretor de inteligência da Espanha depõe sobre espionagem dos EUA

O diretor do Centro Nacional de Inteligência (CNI) da Espanha, Félix Sanz Roldán, irá nesta quarta-feira (6) à Câmara dos Deputados espanhola para falar sobre a denúnica de espionagem em massa realizada pelos Estados Unidos contra o país.

Roldán comparecerá a portas fechadas à comissão de segredos oficiais da Câmara, onde procurará atenuar o escândalo pela espionagem de milhões de telefones no país realizada pela Agência Nacional de Segurança (NSA, sigla em inglês).

Há uma semana, o presidente do governo Mariano Rajoy afirmou que o chefe dos serviços secretos explicará os detalhes sobre a suposta espionagem dos EUA e a hipotética colaboração do CNI.

O anúncio foi feito depois que o jornal madrilenho El Mundo afirmou que a NSA tinha interceptado mais de 60 milhões de chamadas telefônicas de cidadãos e políticos espanhóis entre dezembro de 2012 e janeiro de 2013.

Em sua edição de 28 de outubro, o jornal conservador fundamentou suas revelações num relatório de papéis vazados pelo ex-analista da NSA, Edward Snowden, refugiado na Rússia.

Dois dias depois, o mesmo jornal, citando novos documentos atribuídos a Snowden, escreveu que o CNI permitiu o trabalho de espionagem de Washington contra Madri.

Os serviços de inteligência espanhóis "não só conheciam o trabalho da NSA, como também lhe facilitavam suas tarefas", escreveu o El Mundo.

A coalizão Esquerda Unida (EU) qualificou como servil a posição assumida até agora pelo Executivo frente à espionagem em massa.

Na opinião do líder da EU, Cayo Lara, a reação da administração de Rajoy tem sido tão "morna", que mais parece própria de uma relação colonial.

É uma maneira de adulterar o dicionário da Real Academia da Língua, ironizou o dirigente da coalizão de esquerda, depois de taxar como "muito cinismo" a espionagem ter sido chamada de "coleta de informações".

Lara denunciou que, enquanto o Governo assegura estar ofendido pelo ocorrido, permite o contínuo funcionamento dos escritórios da CIA na Espanha e adapta convênios internacionais para que os Estados Unidos possa operar nas bases militares que ainda mantém nesta nação.

Além disso, chamou a União Europeia a acabar com uma postura que, segundo sua opinião, é de subordinação total à Casa Branca e a exigir dela uma política exterior baseada no respeito ao direito internacional.

Fonte: Prensa Latina