Cearenses lamentam perda de Messias Pontes

O jornalista cearense faleceu na noite do último sábado (09/11), aos 66 anos. Há pouco mais de um ano ele lutava contra um câncer no pâncreas.

Parlamentares, gestores, colegas, familiares. O sentimento de todos é o reconhecimento de uma trajetória de luta é unânime. Messias Pontes deixou sua marca, quer seja na atuação como jornalista, radialista ou sindicalista, pautada na ética e na defesa dos direitos do povo brasileiro.

O senador Inácio Arruda relembrou a contribuição do camarada em diversas frentes. “Organizador de bases, assessor parlamentar, dirigente sindical e do PCdoB, nos ajudou a reorganizar a Associação de Moradores do Dias Macedo. Messias combateu o bom combate. Seus escritos ficarão para sempre como legado dos lutadores pela liberdade, democracia e progresso social. A vida de Messias é exemplo de dedicação às causas de nosso povo e nosso país”.

Para o deputado federal Chico Lopes, a perda deixa uma tristeza irreparável, mas também, para várias gerações, um legado de ética, responsabilidade e luta pela transformação social. “No jornalismo e na luta por um mundo melhor, Messias Pontes fez história”. Amigos na infância, Chico Lopes e Messias Pontes se reencontraram durante a luta contra a ditadura militar, na clandestinidade. “Fomos meninos juntos e depois nos reencontramos na clandestinidade, mas, por toda a perseguição que havia e pela necessidade de sigilo e de segurança, não sabíamos que ambos pertencíamos ao PCdoB. Mais tarde, quando finalmente soubemos, foi um motivo de grande alegria para os dois”, recorda Lopes. “Perdi um irmão e um grande militante das causas socialistas. Um jornalista que, além de comunicador brilhante, com uma larga trajetória, teve um compromisso com a defesa da profissão e com a luta pela democratização dos meios de comunicação, bandeira que ainda segue por ser alcançada no nosso País”.

O deputado federal João Ananias considera esta uma perda precoce. “O camarada Messias ainda tinha muito a contribuir com o Partido e com a sociedade. Messias pensava numa sociedade nova, diferente, sem a existência de explorados e exploradores. É um imenso sentimento de perda de um companheiro que teve sempre a coerência com seu norte”.

O secretário do Esporte do Estado, Gilvan Paiva, também rendeu homenagens ao camarada do PCdoB. “Nossa homenagem a Messias Pontes, exemplo de jornalista comprometido com o povo brasileiro. Militante acima de tudo, comunista e apaixonado pela democratização da mídia”, ratificou.

O vereador Evaldo Lima citou Bertold Brecht para destacar a atuação do jornalista. "’Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis’. Messias Pontes era um destes homens, imprescindíveis para a luta. Sua morte representa uma grande perda para os comunistas cearenses, para os movimentos sociais e para a luta em defesa da democratização dos meios de comunicação”, lamentou.

Samira Castro, presidente do Sindicato dos Jornalistas no Ceará, considera a perda “incomensurável ao jornalismo cearense e às entidades sindicais da categoria”. “Nós perdemos um companheiro de lutas, perdemos um grande amigo. Para mim, como dirigente sindical, foi uma honra representar a categoria ao lado de Messias Pontes. Em fevereiro deste ano, quando lançamos a Comissão da Verdade, Memória e Justiça dos Jornalistas do Ceará, Messias foi aclamado presidente, pelo seu histórico de luta em defesa da democracia, pela sua militância no PCdoB e por sua trajetória profissional, sempre em defesa da liberdade de expressão, denunciando a ‘velha mídia venal e golpista’", recorda.

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Messias atuava no programa Espaço Aberto (rádio Cidade AM), integrou a Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas no Ceará, diretor de Comunicação da Associação de Amizade Brasil-Cuba do Ceará.

Comunista histórico, Messias foi um dos responsáveis pela reorganização do PCdoB no Ceará após a Ditadura Militar. Anistiado político e membro do Comitê Estadual do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), presidia a Comissão da Verdade, Memória e Justiça dos Jornalistas Cearenses e era colunista nacional do Portal Vermelho.

De Fortaleza,
Carolina Campos

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