Irã alcança acordo com Agência Internacional de Energia Atômica

O Irã concordou, nesta segunda-feira (11), em permitir um monitoramento mais abrangente Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) sobre instalações nucleares, inclusive a de um novo reator, segundo a TV estatal. O acordo anunciado envolve a inspeção de uma planta de enriquecimento de polônio, e deve ajudar no impulso à diplomacia dado pelo governo do presidente persa Hassan Rohani.

Agência Internacional de Energia Atômica - AIEA

Uma iniciativa paralela, com conversações realizadas em Teerã entre a equipe diplomática persa e representantes da Aiea resultou no acordo sobre um maior monitoramento das plantas nucleares do Irã.

“As medidas práticas serão implementadas nos próximos três meses, a partir de hoje”, disse o diretor-geral da Aiea, Yukiyo Amano, durante uma coletiva de imprensa em Teerã, nesta segunda.

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Entretanto, o governo persa continua reafirmando o seu direito ao desenvolvimento das pesquisas nucleares e a demonstração de compromisso e seriedade por parte do Ocidente, que impõe duras sanções contra o Irã, sobretudo ao setor financeiro e petrolífero.

A acusação usada como pretexto para a manutenção das medidas coercitivas é centrada na suposta meta de produção de armas nucleares. Além de não serem apresentadas evidências neste sentido, o Irã toma medidas sucessivas para demonstrar o contrário, sem abdicar da sua soberania, entretanto.

Recentemente, o impulso à diplomacia tem sido o método vigente, principalmente nas reuniões com representantes da Aiea e com o Grupo 5+1 (Estados Unidos, França, Reino Unido, China e Rússia, como membros do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha).

Compromissos

A promessa de permitir um maior acesso aos inspetores da Aiea pode ajudar na promoção da diplomacia pelo Irã. Além disso, conforme a exigência já histórica do país, as sanções, medidas de pressão contrárias à diplomacia, podem ser aliviadas.

Participando das negociações, os Estados Unidos são os que impõem duros embargos ao Irã há mais tempo, principalmente por motivos políticos, desde a queda do regime autocrático monárquico que apoiavam. A Revolução Islâmica de 1979, que afastou dos persas a influência política ou o domínio imperialista, também trouxe respostas patentes na política externa estadunidense: a coerção.

Depois disso, a partir dos anos 2000, a Organização das Nações Unidas (ONU) e a União Europeia também passaram a impor sanções contra o Irã, sob o pretexto da suposta produção de armas nucleares, com efeitos graves ao setor bancário e à produção e exportação petrolífera do país.

Neste sentido, ao mesmo tempo em que o Irã demonstra-se empenhado pela diplomacia, pelo compromisso e pela conciliação, inclusive com a garantia de permitir o acesso internacional às suas instalações nucleares, o Ocidente deve levantar as medidas coercitivas empregadas contra o país.

Uma proposta abrangente já havia sido apresentada pelos diplomatas iranianos no âmbito das negociações com o G5+1, recentemente intensificadas. Os representantes dos países envolvidos nas conversações expressaram otimismo unânime com o progresso da diplomacia e saudaram o plano proposto pelo Irã, mas a exigência da reciprocidade precisa ser mantida pelos persas.

Na próxima semana, uma nova rodada de negociações está prevista para acontecer em Genebra, na Suíça, onde um acordo mais amplo deve ser debatido. De acordo com a TV estatal iraniana, citada pela agência de notícias AP, o plano persa daria aos inspetores da Aiea o acesso a uma importante mina de urânio e ao local onde será construído um reator que poderá produzir maiores quantidades de plutônio.

O Irã já recebe visitas frequentes dos inspetores da Aiea há anos, embora haja reclamações sobre o “acesso limitado” às instalações nucleares persas. Neste sentido, o acordo que garante maior acesso precisa ser correspondido por medidas de reciprocidade do G5+1.

O governo persa reitera o seu direito soberano ao desenvolvimento da tecnologia nuclear, tanto como membro da Aiea quanto signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), mesmo que países hostis como Israel, que possui ogivas nucleares, não tenham ratificado o documento e nem permitido a visita da Aiea a locais que podem abrigar essas armas.