Cubanos chegam para integrar programa Mais Médicos em São Paulo

Por volta das 5h da manhã, pousou na capital paulista o avião cubano que trouxe 150 profissionais da ilha de Fidel Castro para se incorporarem ao programa Mais Médicos, lançado em junho, pelo Ministério da Saúde, e que reforça o atendimento básico no Brasil. A convite da cônsul geral de Cuba em São Paulo, Ivette Martinez Leyba, a reportagem do Vermelho foi conferir a chegada e a expectativa desses médicos no Aeroporto Internacional de Guarulhos.

Por Théa Rodrigues, da Redação do Vermelho

Cubanos chegam para integrar programa Mais Médicos em São Paulo - Théa Rodrigues

De jaleco branco, os médicos foram saindo pelo portão de desembarque um a um, com bandeirolas do Brasil e de Cuba em punho, até lotarem o saguão do aeroporto. Ali receberam as boas-vindas de membros consulares e de pessoas solidárias à causa cubana. Após 8 horas de voo e apesar do cansaço, os profissionais demonstraram empolgação pela missão internacional que vieram desempenhar nas periferias paulistas.

Para a dra. Liliana Pérez Pared, “o importante é levar a nossa ajuda ao sistema de saúde, aos mais necessitados”. Apesar de a reportagem do Vermelho ter feito a pergunta em castelhano, a especialista em gerontologia e geriatria esforçou-se para responder em português. Ela contou que antes de vir ao Brasil, passou sete anos na Venezuela, também trabalhando em um convênio entre países.

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Da mesma forma, o dr. Juan Carlos Rodríguez Lugo afirmou que trouxe para a população a experiência de outras missões de caráter humanitário das quais participou no Zimbábue, por dois anos e meio, e na Venezuela, por quatro anos. “Esperamos trazer nosso aporte às pessoas mais necessitadas”, disse.

Estes médicos somam-se a outros que chegaram nesta segunda-feira (11), totalizando um grupo de 300 pessoas. Eles ficarão hospedados em um hotel do exército e, nas próximas três semanas, passarão por um treinamento sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) e terão aulas de português. Ao final do curso farão provas para começar a trabalhar já na primeira semana de dezembro.

“Temos mais de 45 mil colaboradores em mais de 60 países e fazemos isso desde 1963. Temos um histórico de solidariedade e acredito que, no Brasil, o programa Mais Médicos vai contribuir para aumentar o número de médicos por habitantes, aumentar a atenção primária de saúde, que é precária em alguns lugares”, afirmou a cônsul cubana Ivette, que ressaltou que “quem ganha com isso é a população”.

 

E neste sentido vale lembrar o resultado de um estudo divulgado recentemente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que revela a existência de grandes disparidades geográficas no acesso da população aos profissionais de saúde no Brasil. Embora a média nacional seja 17,6 médicos por 10 mil habitantes, a densidade varia entre 40,9 por 10 mil no Rio de Janeiro e 7,1 no Maranhão.

“[Os médicos] vêm para integrar o sistema de saúde brasileiro e não para implantar o sistema cubano”, explica a diplomata. Ivette disse ainda que os profissionais estão aqui para cobrir as vagas que não foram preenchidas por brasileiros.

O dr. Ortélio Jaime Guerra, especialista em nefrologia, disse ao Vermelho que está muito feliz de vir ao Brasil, porque sempre admirou a cultura e o povo. Segundo ele, “todos têm o mesmo direito de receber uma atenção médica de qualidade” e, por isso, está oferecendo seu trabalho “com amor e carinho” aos menos favorecidos.

Pelo programa, em convênio assinado com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), já foram contratados 6,6 mil médicos que fizeram sua formação em universidades estrangeiras, número que o governo estima aumentar para 12.996 até março de 2014. Nesse primeiro ano, a expectativa é que 22,9 milhões de pessoas passem a ter acesso ao atendimento médico.

Fotos: Théa Rodrigues