Cuba e Angola demonstram ampla vontade de fortalecer relações

Depois de 38 anos de relações diplomáticas, Cuba e Angola promovem atualmente esses vínculos, gravados em alto-relevo por uma história solidária e recíproca com vontade política de lutar por seu fortalecimento e diversificação.

No dia 15 de novembro de 1975, o atual presidente angolano, José Eduardo dos Santos, naquele momento chanceler, assinou o acordo para formalização dessas relações junto ao embaixador cubano Oscar Oramas, só quatro dias depois de declarada a liberdade neste país africano.

Esses históricos laços de amizade, feitos desde a época da escravatura, foram reorganizados e se consolidaram um ano depois, quando ambas nações assinaram o Acordo Geral de Colaboração. Sobre essa base se constituiu a Comissão Bilateral Intergovernamental.

Vêm à memória aqueles primeiros grupos de angolanos e cubanos, que começaram a partir desse período a campanha de alfabetização em Angola, onde 85% de seus cidadãos não sabia ler nem escrever.

Desde essa etapa, Havana e Luanda aperfeiçoam, renovam e estabelecem novos compromissos e protocolos setoriais.

Com a máxima de que 'a amizade autêntica irradia melhor quando a vida escurece', Cuba respondeu nessa década ao chamado de um povo, escrevendo uma página épica que ajudou a independência da República Popular de Angola, declarada em 11 de novembro de 1975.

Dezesseis calendários mais tarde, essa preciosa solidariedade a mais de 300 mil internacionalistas cubanos contribuiu a colocar um ponto final ao regime segregacionista do apartheid na África do Sul e Namíbia pôde declarar sua emancipação em 1990.

Cinco semanas antes da data acordada (1 de julho) entre as autoridades de ambas nações, os últimos combatentes da ilha caribenha abandonaram Angola em 25 de maio de 1991.

Não se equivocou o dirigente revolucionário e anticolonialista africano Amílcar Cabral quando disse: "os combatentes cubanos estão dispostos a sacrificar suas vidas pela libertação de nossos países, e em troca… o único que levarão de nós são os combatentes que caíram lutando pela liberdade".

Ainda com barulho de metralhadora soando em território nacional, foi assinado então o chamado Acordo de Bicisse e convocada eleições presidenciais, que elegeu o governante Dos Santos.

O líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita), Jonas Savimbi, não reconheceu os resultados e retomou a guerra em novembro de 1992.

Dois anos depois, a Unita e o Governo assinaram o Protocolo de Lusaka, capital da Zâmbia, mas a guerra civil continuava. Em 22 de fevereiro de 2002, Savimbi morreu em uma emboscada e com seu desaparecimento terminou a guerra mais longa na história do continente.

Para este país africano, ao parecer sinônimo de guerra e ignorado pelas mãos de Deus, o sonho da democracia e paz se fez realidade em 4 de abril daquele ano.

Com a mesma transparência que inundou as trincheiras de combate contra o invasor colonial, Cuba reforçou a cooperação com Angola em sua nova etapa de reconstrução nacional, e atualmente ambas pátrias apostam por sua consolidação e multiplicidade.

"Amigo para valer é aquele que nos estende a mão em momentos de aflição e nos ajuda a nos levantar", disse Dos Santos quando o presidente cubano Raúl Castro visitou Angola em fevereiro de 2009.

Recentemente, a embaixadora cubana Gisela García resumiu que a terra de Agostinho Neto contou com colaboração de mais de quatro mil cubanos em diversos setores, especialmente na saúde, com 1.800 médicos, e 1.400 professores em educação.

Fez também referência à cooperação em setores como energia e água, e ratificou que Havana está disposta a ajudar nos serviços veterinários e eletrificação rural.

Nessa mesma declaração mencionou que na ilha estudam, em diferentes carreiras universitárias, mais de 1.500 estudantes angolanos.

"Cuba foi, é e continuará sendo um país amigo sem manchas, como costuma ser o sangue que assiste a ferida sem esperar o chamado", disse à Prensa Latina o sociólogo Ambrosio Baptista, que considera que quando um camarada precisa de algo, a palavra amanhã não consta.

Fonte: Prensa Latina