Cadima: Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários

O 15º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários trouxe a Lisboa, no passado fim de semana, representantes de 77 partidos, provenientes de 61 países do globo. 

Por Jorge Cadima*, no Jornal Avante!

Durante dois dias e meio, o nosso país foi palco de relatos dos problemas e das lutas dos povos, dos múltiplos aspectos da ofensiva do grande capital, dos efeitos devastadores da crise do capitalismo, das experiências, recuos e avanços dos partidos que nasceram para serem organizadores da luta dos trabalhadores e dos povos e para os conduzirem pelos caminhos que levarão à construção da única alternativa real ao sistema capitalista: o socialismo.

O Encontro confirmou a diversidade de situações em que lutam os partidos comunistas e operários. Há partidos que lutam na clandestinidade e que são alvo de ferozes perseguições. Há partidos no poder, ou em governos, que afirmam a sua vontade e determinação de construir o socialismo. Há partidos que, ultrapassando numerosos obstáculos de natureza económica, política, financeira, ideológica e organizativa são, nos respectivos países, os principais organizadores da luta de massas. Há partidos que procuram ainda recuperar de derrotas, liquidações ou do enfraquecimento das duas últimas décadas. Há partidos que lutam em países com fraco nível de desenvolvimento económico, e outros que atuam nas maiores potências económicas do planeta. Há partidos que lutam pela libertação nacional e social, em países ocupados ou sob dominação estrangeira, e outros que agem nos principais centros imperialistas.

Mas se a diversidade de contextos em que os partidos comunistas e operários atuam é enorme, comuns são os seus ideais e objetivos de luta. Comum é o inimigo – o sistema capitalista de exploração do homem pelo homem. E na maioria dos casos, comuns são as tendências do momento presente. De muitas partes do planeta chegam os relatos da brutal ofensiva contra os trabalhadores, os seus salários e reformas, os direitos laborais e sociais alcançados no século 20, sob o efeito decisivo das revoluções socialistas e nacional-libertadoras. De muitas partes chegam as denúncias da profunda marca de classe de políticas e governos que, ao mesmo tempo em que atacam e empobrecem os trabalhadores e os povos, engordam e subsidiam os grandes banqueiros e capitalistas. De muitas partes do planeta chegam os ecos dum crescente autoritarismo e repressão das classes dominantes que, sem saberem como sair das contradições e da crise do capitalismo, recorrem à força para impor o aumento da exploração e a sua dominação de classe. Há cada vez mais países devastados pelas guerras, ataques e subversões diretamente ou indiretamente perpetrados pelas grandes potências imperialistas, a fim de impor a sua hegemonia – muitas vezes em acesas disputas entre si. Mas há também experiências de grandes lutas de massas, sem paralelo nos anos mais recentes. De resistências vitoriosas. E há experiências promissoras e positivas que conduzem a melhorias nas condições de vida e nos direitos de povos e à afirmação de soberanias nacionais face ao imperialismo.

A diversidade de situações gera naturais e inevitáveis diferenças na definição de formas e objetivos de luta. Não constituem problema, desde que sejam respeitados os princípios que devem sempre presidir ao relacionamento entre partidos: solidariedade, respeito mútuo, franqueza no trato, igualdade, não ingerência nos assuntos internos. São os princípios pelos quais o PCP sempre se procurou nortear, nas suas relações bilaterais e multilaterais. São os princípios que asseguram a unidade e reforço do movimento.

A realidade do mundo atual exige dos Partidos Comunistas e Operários mais capacidade de intervenção, mais enraizamento nas massas e um maior papel organizador das lutas. É isso que os trabalhadores e povos esperam dos comunistas. É essa a responsabilidade coletiva e o dever do nosso movimento.

* Jorge Cadima é articulista do Jornal Avante!