União Africana aumentará missão de estabilização na Somália  

Representante especial do presidente da Comissão da União Africana (UA) para a Somália, o embaixador Mahamat Saleh Annadif saudou a recente decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas para aumentar o número de tropas da Missão da União Africana para a Somália (Amisom), de 17.731 para 22.126 integrantes, e de prover maior apoio à Força de Segurança Nacional Somali, enquanto estende o mandato da missão até 31 de outubro de 2014.  

Amisom - Amisom

Em nota divulgada na página oficial da Amisom, o embaixador Annadif ressalta que “a decisão do Conselho de Segurança da ONU foi tomada no tempo certo, enquanto a Amisom e as Forças de Segurança Nacional Somalis têm conquistado ganhos significativos, ao expulsar terroristas do [grupo] Al-Shabaab de cidades estratégicas do país, o que pede mais tropas para assegurar as áreas liberadas, enquanto avançam às que ainda estão sob o controle do Al-Shabaab”.

A resolução foi uma resposta ao pedido feito pelo Conselho de Paz e Segurança da União Africana, em um comunicado do início de outubro. O conselho pediu tropas adicionais para possibilitar que o Exército Nacional Somali, apoiado pela Amisom, continue com as suas operações nas operações de estabilização.

O embaixador disse que a decisão “de aumentar a capacidade da Amisom e pelo maior apoio às Forças de Segurança Nacional Somalis (SNA) não teriam chego em melhor hora. O aumento do território sob o controle da Amisom e das SNA exige um estímulo no nível das tropas já no terreno. Por isso, eu aplaudo a decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas”.

Ele afirmou que a resolução é também uma indicação firme da importância que o mundo atribuiu aos esforços da UA na Somália e o reconhecimento do trabalho da Amisom como vital para a segurança global e regional, inclusive na luta contra o terrorismo. Annadif ainda agradeceu aos países parceiros e urgiu-os a trabalhar em conjunto para enviar as tropas adicionais.

As SNA, de acordo com a página oficial da Amisom, têm registrado avanços importantes na “liberação de áreas importantes do país” antes sob o controle dos militantes do grupo Al-Shabaab. A Somália sofre com tensões extremas e intensificadas em 1991, com a desastrosa intervenção das forças armadas dos Estados Unidos.

O grupo militante Al-Shabaab (“A Juventude”) é classificada como uma “célula” da rede islâmica e fundamentalista Al-Qaeda, segundo grupos de monitoramento internacionais, desde 2012, embora a sua atuação na Somália seja anterior.

Seu avanço pelo país inclui a imposição da sua própria forma estrita da Sharia (lei islâmica), e sua atuação é registrada também no Uganda e no Quênia. Ainda que seja caracterizado como “grupo terrorista” pela mídia internacional, essa classificação foi oficializada pelos Estados Unidos, Austrália, Reino Unido, Canadá, Noruega e Suécia, o que levanta questões preocupantes, uma vez que a politização dessas classificações é, na prática, um elemento da política externa de padrões dúbios do Ocidente.

Ainda assim, fator de alguma legitimação da intervenção externa no país é a organização e a liderança africana da Amisom, operada pela UA desde que foi criada pelo seu Conselho de Paz e Segurança, em 2007. O contexto mais abrangente inclui diversas situações de conflito como a recentemente suspensa de Jubaland, ao sul, região autônoma palco de uma intensa guerra civil, até a assinatura do acordo de paz de Addis Abeba (Etiópia) em agosto de 2013.

As tarefas às quais a Amisom se dedica, de acordo com o seu mandato, são: apoio ao diálogo e reconciliação na Somália, trabalhando com todos os atores diretos; dar proteção às Instituições Federais Institucionais e à infraestrutura chave; apoiar a implementação do Programa Nacional de Segurança e Estabilização; dar apoio técnico e outros aos esforços de desarmamento e estabilização; monitorar a situação securitária nas áreas de operação; facilitar as operações humanitárias, inclusive o repatriamento de refugiados e pessoas internamente deslocadas; proteger os integrantes da Amisom, suas instalações e equipamentos, inclusive na autodefesa.
 
Moara Crivelente, da Redação do Vermelho