Irã tem de defender-se enquanto diálogos nucleares progridem

“Nós, assim como o Líder Supremo da Revolução Islâmica do Irã, aiatolá Sayed Ali Khamenei, confiamos na delegação iraniana nos diálogos nucleares”, disse o comandante adjunto das Forças Armadas, general Abdul Rahim Musavi, à agência persa de notícias Irna, nesta segunda-feira (18). Porém, frente à oposição agressiva de Israel e da França às negociações internacionais sobre o programa nuclear persa, o Irã está fortalecendo as suas capacidades de defesa militar, segundo fontes oficiais.

Arak - Associated Press Photo

Em entrevista citada pela emissora iraniana HispanTV, o general Musavi classificou de “soldados que defendem nossa frente na guerra diplomática e política” os especialistas em questões nucleares do Irã nos diálogos com o Grupo 5+1 (EUA, Reino Unido, França, Rússia e China, membros do Conselho de Segurança, mais a Alemanha).

Os diálogos nucleares voltaram a confirmar a legitimidade do sistema a nível mundial, comenta o general. “Entretanto, não se deve equiparar estes diálogos com o fim das discrepâncias Irã–Estados Unidos, pois isso não é possível”, advertiu.

No domingo (17), o comandante da Força Naval do Exército iraniano, contra-almirante Habibolá Sayari, em entrevista à agência persa (em árabe) al-Alam, indicou que os diálogos políticos seguem seu próprio processo, mas que as Forças Armadas sempre terão de estar em alerta máximo.

A presença das forças estadunidenses e outras forças estrangeiras nas águas do Golfo Pérsico e o mar de Omã, comentou o oficial, fomentam o caos na região. Sayari disse também que a essa presença é considerada uma ameaça para todos os países.

Os vizinhos compartilham interesses e são responsáveis por estabelecer a segurança na região, e por isso não é preciso que as forças estrangeiras mantenham-se presentes, disse o oficial.

Continuação dos diálogos

Apesar das manifestações agressivas de Israel e da França contra o alívio das sanções impostas há décadas ao Irã e contra a construção de um acordo diplomático, as conversações com o G5+1 têm progredido.

O Irã comprometeu-se recentemente a permitir as inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) a importantes instalações nucleares, inclusive a de Arak, onde constrói um novo reator de "água pesada", ou "água deuterada" (com maior concentração de hidrogênio), um componente comum da pesquisa sobre energia nuclear.

Nesta quarta-feira (20) está prevista outra reunião entre os negociadores, onde a proposta iraniana será discutida, com a contrapartida de um alívio das sanções financeiras e econômicas impostas pelos EUA, pela ONU e pela União Europeia contra o país, inclusive contra o seu setor petrolífero.

Neste sentido, a discussão no Congresso estadunidense se baseia justamente entre grupos que pretendem impor mais sanções e os que pretendem aliviá-las. Israel, por outro lado, declarou que continuará pressionando os parlamentares estadunidenses no sentido da coerção contra o Irã.

Segundo o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que vem dando declarações agressivas reiteradamente contra o país persa, se as potências mundiais continuarem no mesmo rumo de negociação, o Irã pode adquirir uma bomba nuclear nas próximas semanas.

As alegações infundadas e belicosas do governo israelense (que já ameaçou conduzir seus próprios ataques contra as instalações nucleares persas) têm sido reproduzidas frequentemente, mas a continuidade dos diálogos e a demonstração de compromisso com a diplomacia por parte do governo persa têm garantido um contraponto fundamental e evitado maiores agressões.

Com agências,
Da redação do Vermelho