Atentado contra embaixada do Irã no Líbano mata 25 pessoas

Ao menos 25 pessoas morreram e 150 ficaram feridas em duas explosões nesta terça-feira (19), no sul de Beirute, capital libanesa, com o objetivo de atacar a embaixada do Irã. Segundo analistas no país, a representação persa foi um alvo por sua ligação com o partido libanês de resistência Hezbollah e com o presidente da vizinha Síria, Bashar Al-Assad.

Líbano - Reuters

Testemunhas dizem que houve pelo menos duas detonações, separadas por escassos minutos, no que terá sido um atentado suicida seguido da explosão de um carro armadilhado.

Fontes da polícia libanesa disseram à agência de notícias Reuters que as câmeras de vigilância captaram imagens de um homem correndo em direção ao muro da embaixada e detonando os explosivos. Minutos depois, as mesmas câmeras captaram a explosão de um automóvel estacionado a curta distância da embaixada.

A agência Associated Press adianta que o portão da representação iraniana foi derrubado pela força das explosões, e o próprio edifício de três andares sofreu muitos danos.

A edição virtual do diário libanês Daily Star adianta que entre as vítimas mortais está o conselheiro cultural da embaixada e pelo menos outros dois cidadãos iranianos. O embaixador persa disse, no entanto, que nenhuma das pessoas que estavam no interior da representação foi atingida.

Pelo alvo escolhido o ataque poderá estar relacionado com o conflito armado na Síria, cada vez mais sectário e que tem elevado a hostilidade entre xiitas (ramo a que pertence a linha alauíta do presidente Bashar al-Assad) e sunitas (a maioria da população síria e dos que se rebelaram contra o governo, entre os quais estão fundamentalistas e extremistas que também atuam no Líbano).

O Líbano, um país mosaico onde essas tensões são mais latentes, tem sido progressivamente arrastado para o conflito. O Hezbollah combate os grupos armados na Síria, ao lado das forças do governo, e é decisivo em algumas das mais importantes conquistas do governo sírio nos últimos meses. Além disso, vários dirigentes sunitas são apontados como os principais intermediários no financiamento e entrega de armas aos paramilitares, cujos grupos são também formados por extremistas e mercenários estrangeiros.

No último ano sucedem-se incidentes violentos que ameaçam a frágil situação no Líbano, como o atentado que em 15 de agosto matou 27 pessoas na zona sul de Beirute, considerada um bastião do Hezbollah. Uma semana depois, 40 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas em explosões junto a duas mesquitas da cidade de Trípoli, no norte do Líbano. O secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, acusou milícias integristas sunitas pelos atentados que visaram o movimento e que atingiram também o Exército libanês.

Numa primeira reação, nesta terça, o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, denunciou mais este "ato terrorista covarde", dizendo não ter dúvidas de que o ataque "visa desestabilizar a situação no Líbano e usá-lo como arena para enviar mensagens".

Damasco também já condenou o atentado, enquanto o governo iraniano acusou Israel, de ser o responsável pela ação, já que o país vem ameaçando o Irã no contexto das negociações com as potências mundiais sobre o seu programa nuclear.

Com informações das agências