A classe trabalhadora é a força motriz da transformação social

Durante a Plenária do 13º Congresso do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) – realizada entre os dias 14 a 16 de novembro, no Anhembi, em São Paulo – Adilson Araújo*, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e recém eleito para o Comitê Central do PCdoB, destacou em sua intervenção, o projeto político da classe trabalhadora, concebida dentro do Partido como força motriz da transformação social. Leia a íntegra da intervenção:

A teoria marxista, que deve orientar a ação do nosso Partido, define como princípio, tanto no plano das ideias como na prática, a centralidade da classe trabalhadora no projeto político, na tática e na estratégia do Partido Comunista. Daí provém a expressão “partido do proletariado” ou da classe trabalhadora, concebida como a força motriz da transformação social, o sujeito da revolução socialista, o coveiro do capitalismo.

O imperativo comunista de promover uma análise classista da realidade no mundo e no Brasil é realçado neste momento histórico pela grave crise econômica e geopolítica do sistema capitalista e imperialista, que vem acompanhado de uma feroz ofensiva da burguesia contra o proletariado, uma ofensiva global da qual nós não estamos a salvos.

Vivemos uma realidade política nova e promissora no Brasil e nos EUA. Acumulamos importantes conquistas ao longo dos últimos 10 anos, cabendo aqui citar no plano externo a derrota da Alca, a criação da Unasul e da Celac, a ampliação do Mercosul, entre outras iniciativas para a integração econômica e política da região. No plano doméstico, a política de valorização do salário mínimo, a redução substancial da taxa de desemprego, os programas de transferência de renda como o Bolsa Família, a legalização das centrais. As circunstâncias dessas importantes conquistas empoderam , mais ainda, a militância comunista à frente da ação sindical, liderada pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB.

Estamos convencidos de que é necessário consolidar as conquistas obtidas até o momento, barrar o retrocesso e avançar nas mudanças. Avançar na direção de um novo projeto nacional de desenvolvimento fundado em três valores fundamentais: a valorização do trabalho, a democracia, a soberania; um projeto em que o Estado tem papel proeminente e que pode abrir caminho ao ideal maior da classe trabalhadora e objetivo estratégico do nosso Partido, a sociedade socialista.
Sabemos que existem muitas pedras em nosso caminho. Ainda não logramos realizar nenhuma reforma estrutural. A pauta trabalhista unitária das centrais, que inclui redução da jornada, fim do fator previdenciário, ratificação da Convenção 158 da OIT, reforma agrária, entre outras reivindicações, não foi contemplada.

As jornadas de junho deste ano, protagonizadas por jovens trabalhadores e estudantes, evidenciaram o clamor por transformações sociais mais profundas, que já não podem ser proteladas. Nosso povo quer mais Estado e menos mercado, 10% do Orçamento Bruto da União para o SUS, 10% do PIB para educação pública e transporte público de qualidade.

A nação demanda a realização urgente das reformas estruturais: a reforma agrária, a reforma política democrática, a reforma tributária progressiva, a reforma da educação, a reforma e a democratização da mídia, a reforma urbana, a reforma do Judiciário. Também nos preocupa o fraco desempenho do PIB e a crescente desnacionalização da economia.

Parece evidente que para contemplar os interesses populares será necessário mudar a orientação econômica de viés neoliberal e subordinada aos interesses da oligarquia financeira. Lutamos contra a desnacionalização, pela redução (em vez da alta) das taxas de juros e spread, o fim do superávit primário e ampliação os investimentos públicos, o controle do câmbio e do fluxo de capitais, a taxação das remessas de lucros.

Rejeitamos as pressões das forças conservadoras e da mídia pelo aprofundamento do arrocho fiscal, precarização das relações trabalhistas, a generalização da terceirização prevista no PL 4330, aumento da taxa de juros, mais cortes nos investimentos públicos e reversão da política de valorização do salário mínimo.

Está claro que não vamos avançar sem muita luta. As mudanças que preconizamos são incompatíveis com os interesses da burguesia e da direita neoliberal. Nosso Partido precisa valorizar e reforçar o difícil trabalho de esclarecimento e mobilização das bases e as manifestações que vêm sendo realizadas pelas centrais sindicais em ampla aliança com os movimentos sociais pela mudança da política macroeconômica e o atendimento da Pauta Trabalhista.

Defendemos a harmonização e estreita articulação das três frentes de acumulação de forças do Partido, social, institucional e ideológica, dando ênfase à construção do Partido entre os trabalhadores e trabalhadoras, que constituem a força motriz fundamental da nossa luta e razão de ser do nosso PCdoB. É necessário ter consciência de que sem uma maior inserção e organização dos comunistas no seio da classe trabalhadora e entre a juventude, sem uma intensa mobilização política de massas, não lograremos avanços eleitorais mais expressivos. Elevar o nível de intervenção e protagonismo do nosso proletariado na luta política é a pré-condição para o sucesso da nossa luta, o enfrentamento do capitalismo e da ordem imperialista, bem como da revolução socialista.

*Adilson Araújo é presidente da CTB, membro do CC e da Comissão Política Nacional do PCdoB