Estudantes eleitos no Chile tornam-se referência políticas

"De nossa parte, saudamos de forma calorosa os novos jovens deputados e deputadas. Estamos com eles. Desejamos que sejam o prelúdio de grandes mudanças”. Assim o presidente da Associação pela Unidade de Nossa América (AUNA, na sigla em espanhol), Rafael Cuevas Molina, deu as boas vindas aos quatro jovens que foram eleitos deputados e deputadas na eleição do último dia 17 de novembro no Chile.

A eleição de Camila Vallejo, Karol Cariola, Giorgio Jackson e Gabriel Boric, todos ligados a movimentos estudantis, vem se tornando referência para as mudanças políticas esperadas no país. Eles chegaram envoltos em uma onda de entusiasmo popular, estranha em tempos de tanto descontentamento com a política, trazendo novos ares, não apenas devido às suas figuras juvenis, mas também pela claridade e transparência em seus discursos, sem demonstrar equívocos ou meias palavras, como avaliam os analistas políticas.

Todos os quatro se projetaram politicamente com o desejo de mudanças. Em seus discursos, pregam um outro Chile, um país que se desfaça do modelo explorador, e que o fez se tornar um dos países mais desiguais da América Latina. Para isso, eles apostam numa educação pública e de qualidade, além de melhorias na saúde pública, degradada com a privatização.

O movimento estudantil do qual eles vieram se constituiu como um catalisador de um movimento social de protestos mais amplos, que atravessou toda a sociedade chilena. É um movimento com agenda e líderes próprios, que veem com esperança a chegada desses jovens ao poder, mas, mesmo assim, mantendo uma identidade própria. Por sua vez, os jovens eleitos afirmam que, em relação a um provável governo da socialista Michelle Bachelet, não darão carta branca à presidenta, e que, se for necessário, voltarão para as ruas, junto com os movimentos populares, para conseguir as mudanças necessárias ao país.

Conheça os jovens deputados e deputadas

Camila Vallejo
Ex-presidente da Federação de Estudantes do Chile (Fech) ficou conhecida mundialmente ao liderar, em 2011, manifestações no país em defesa de educação gratuita e de qualidade. Foi eleita como personalidade do ano de 2011 pelo jornal britânico The Guardian. Camila foi escolhida pelos leitores do jornal, que é o segundo periódico de língua inglesa mais lido no mundo. Ela recebeu 78% dos votos, concorrendo com candidatos importantes como a chanceler alemã Angela Merkel e o tunisiano Mohamed Bouazizi, que ateou fogo em si mesmo e provocou o começo da Primavera Árabe.

Karol Cariola
Foi presidente da Federação de Estudantes da Universidade de Concepción (FEC), entre os anos de 2009 e 2010. No mês de outubro de 2011, foi eleita secretária geral da Juventude Comunista do Chile, durante o 13º Congresso da organização. Karol foi eleita com 38,5% dos votos.

Giorgio Jackson
Formado em engenharia civil, Giorgio foi presidente da Federação dos Estudantes da Universidade Católica do Chile entre os anos 2010 e 2011, cargo que desempenhou como um dos principais dirigentes durante as manifestações estudantis de 2011. Foi a voz representativa da Confederação de Estudantes do Chile durante os protestos. Ele obteve 46% de votos na eleição do dia 17 de novembro.

Gabriel Boric

Pós-graduado pela Escola de Direito da Universdade do Chile, Gabriel foi presidente da Federação de Estudantes da Universidade do Chile (FECH), no ano de 2012, sucedendo Camila Vallejo no cargo. Como os outros três jovens deputados, também participou dos protestos estudantis de 2011, fazendo parte do movimento Esquerda Autônoma. Gabriel se candidatou de forma independente e recebeu 26,2% dos votos.

Fonte: Adital