Protestos e crise econômica indicam turbulência contínua no Egito

De acordo com o jornal Al-Watan, do Kuwait, um porta-voz do presidente interino do Egito disse que o país irá “de mal a pior”, enquanto a situação atual se mantiver. A declaração de Ahmed Muslimani “chocou e surpreendeu” seus colegas, de acordo com o jornal que apoiou a destituição do presidente Mohammed Mursi, em julho, pelo Exército egípcio. Nesta segunda-feira (2), o Egito testemunhou mais protestos pró-Mursi na Praça Tahrir, apesar da lei que restringe as manifestações.

Protestos no Cairo - Reuters

Ao comentar sobre a afirmação, que foi feita em um evento particular, o jornal Al-Watan afirma: “Parece que as autoridades do Estado e da presidência estão fazendo declarações públicas que são o posto do que dizem a portas fechadas.”

O jornal, de acordo com o portal Middle East Monitor, afirma que a declaração de Muslimani dá evidências claras da sua “ambiguidade”. “Ele é, afinal, o porta-voz do presidente para a mídia”.

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Al-Watan ressaltou que Maslimani justificou seu comentário dizendo que o Egito está sofrendo uma crise econômica que o afetará dramaticamente nos próximos dias.

“Entretanto, as fontes do Estado não podem mais lidar com a recessão”, disse, “inclusive a retirada dos investimentos, os distúrbios dos ciclos de produção, e o cumprimento das exigências de grupos individuais.”

A afirmação de Muslimani não só chocou aqueles presentes no evento em que falou, mas também desencadeou o pânico entre os egípcios e outras elites que têm apoiado a medida do Exército de destituição de Mursi desde o princípio.

Líderes políticos como Mohammed El-Baradei, que foi vice-presidente interino de 14 de julho a 14 de agosto, têm se afastado da situação com críticas.

El-Baradei é um diplomata renomado no cenário internacional e, para alguns, garantia a legitimidade do processo conduzido pelos militares, mas demitiu-se da vice-presidência no contexto da repressão brutal das forças de segurança contra os manifestantes favoráveis a Mursi.

Protestos no Cairo

A votação por uma nova Constituição interpretada como a garantia de mais poderes aos militares levou centenas de manifestantes às ruas da capital egípcia, Cairo, neste fim de semana, quando se verificou uma repressão violenta por parte das forças de segurança. Recentemente, a lei que regulamenta o direito de protestar estabeleceu a proibição da formação de grupos superiores a 10 pessoas.

Já nesta segunda-feira (2), dezenas de estudantes da Universidade do Cairo conseguiram organizar outro protesto na Praça Tahrir pela primeira vez desde que Mursi foi destituído. O protesto durou duas horas, até que as forças de segurança dispersaram os manifestantes.

Os estudantes pediam o retorno à legitimidade com a restituição dos líderes eleitos aos seus cargos e o julgamento dos responsáveis por episódios de violência que tiraram a vida de centenas de egípcios, durante vários protestos ao longo do ano. Eles também reivindicaram a libertação de todos os prisioneiros políticos das prisões egípcias.

A lei de regulamentação dos protestos e a recente decisão judicial de prisão de cerca de 20 jovens ativistas mulheres – que protestavam a favor da Irmandade Muçulmana, a qual Mursi e outros líderes políticos detidos são afiliados.

Com Middle East Monitor,
Da redação do Vermelho