FMJE: penúltimo dia do festival é dedicado à América Latina
Após dedicar os seus quatro últimos dias de atividades aos continentes da Europa, Oriente Médio, África e Ásia-Pacífico, o 18º FMJE terminou a sua volta ao mundo na América. A última quinta-feira (12), teve programação especial sobre o continente que abriga países com processos de transformações sociais profundas em curso, como é o caso do anfitrião Equador e a Revolução Cidadã; da Venezuela e a Revolução Bolivariana e da Bolívia, que tem o primeiro presidente de origem indígena de sua história
Publicado 13/12/2013 10:25

Embora viva tempos novos de um lado, a realidade da América Latina vista de outro ponto, por exemplo, a vivida pelos jovens colombianos, evidencia situações de conflitos ainda muito complexos. O cenário atual na Colômbia para o movimento estudantil é o de enfrentamento direto com as forças de repressão do Estado, que impedem o livre direito da manifestação, reprimem a organização e o debate político dentro da escola, prendem e, em casos extremos mas não tão excepcionais, perseguem e assassinam lideranças da juventude. “Existem casos de estudantes mutilados por bombas jogadas em manifestações”, relata a colombiana Deisy Aparicio Bonilla, diretora da Associação Nacional dos Estudantes Secundaristas (Andes).
Ela explica que a educação em seu país recebe ínfimo investimento se comparado ao dinheiro injetado no aparato militar governamental. Cerca de 5% do PIB são direcionados para as forças armadas e apenas 0,35% para a educação superior e 2% para a básica. O montante que vai para a educação ainda é dividido, sendo mais de 40% para o sistema de concessão, uma espécie de privatização que coloca a educação como mercadoria, e o restante para o público. Para efeito de comparação: cada soldado colombiano custa 18 milhões de pesos aos cofres estatais, já cada estudante de escola do sistema de concessão 1,2 milhões e os da escola pública 900 mil.
Além da falta de investimentos, a educação colombiana é também apenas “uma reprodução do sistema sem compromisso com as transformações sociais”, explica Deisy. Ela conta que hoje os estudantes tem uma parceira com os professores para fazer avançar no país um projeto pedagógico que mude essa realidade, além de garantir a plena participação dos jovens na luta por mais democracia na Colômbia e a livre organização dos estudantes.
Venezuela é o contraponto da Colômbia
Vivendo uma outra realidade, os jovens da Venezuela levaram para o 18º FMJE a experiência das mudanças ocorridas no país nos últimos 15 anos. O ministro da Juventude venezuelano, Héctor Rodriguez (foto acima), participou do dia da América no Festival e fez um histórico que mais parecia contar a história acima, dos colombianos. Ele relatou casos de perseguição e assassinatos de lideranças estudantis. “A juventude tinha medo de participar da política. A educação foi privatizada de forma asquerosa”, disse.
Segundo ele, hoje o cenário é totalmente diferente. A Venezuela tem o segundo maior índice de universitários do continente e o 5º do mundo, além de ser território livre de analfabetismo segundo a Unesco.
Hector ainda mostrou que a Venezuela vive um bônus demográfico, com a maior população jovem de sua história e que os próximos cinco anos terão que ser de aproveitamento dessa força para ampliar e avançar ainda mais as transformações sociais por qual passa o país.
Fonte: União Nacional dos Estudantes