Filha de Chico Mendes pede fim dos conflitos agrários
O título de Patrono do Meio Ambiente para Chico Mendes, na opinião da filha dele, Ângela Mendes, “só terá valor de fato quando não houver mais nenhuma morte por conflito de terra, quando não houver mais injustiças e ameaças contra aqueles que de fato defendem o meio ambiente brasileiro”. Ela discursou na sessão especial de 25 anos da morte do ambientalista Chico Mendes (1944-1988), realizada nesta segunda-feira (16) no Senado.
Publicado 16/12/2013 14:55
Além da sessão solene, o ambientalista foi homenageado com a aprovação de projeto que o declara Patrono do Meio Ambiente no país. Aprovado na última quarta-feira (11), o texto seguiu para a sanção presidencial.
Conhecido internacionalmente por sua luta em favor dos seringueiros e da proteção da floresta amazônica, ele foi assassinado a tiros, no quintal de sua casa, em Xapuri (AC), no dia 22 de dezembro de 1988, uma semana depois de completar 44 anos.
Angela Mendes destacou que “há 25 anos tentaram calar a voz que falava de direitos e justiça. Hoje ela é ouvida com mais força. Foi a voz dele que direcionou a luta do nosso estado, que era tão simplesmente por uma vida digna onde sempre moraram, na floresta”.
Apesar de destacar todas as conquistas e avanços obtidos na luta pela terra, Ângela Mendes, a exemplo dos parlamentares, acredita que ainda há muito mais a fazer para garantir direitos às comunidades tradicionais.
“Sabemos que o fato de ter um seringueiro como patrono do meio ambiente brasileiro deve perturbar os que perseguem, exploram e escravizam as minorias”, disse ela, lembrando que existem parlamentares que trabalham contra a preservação do meio ambiente e o cumprimento da legislação.
Dirigindo-se aos parlamentares no Plenário, ela disse que espera que “os parlamentares sérios e comprometidos possam garantir as políticas extrativistas para que impeçam o comércio de terra para os que não cumprem a lei”.
Ideais vivos
De acordo com o senador Anibal Diniz (PT-AC), um dos autores do requerimento para a realização da sessão, as homenagens a Chico Mendes mostram que o Senado está sintonizado com a mesma causa.
Os oradores, que se revezaram na tribuna do Senado, com discursos enaltecendo a vida e a luta do seringueiro, foram unânimes em dizer que os ideais de Chico Mendes ainda estão vivos. Para o senador Jorge Viana (PT-AC), “é preciso tentar vincular o legado de Chico Mendes aos desafios atuais”.
O deputado Sibá Machado (PT-AC) anunciou para amanhã (17), uma homenagem semelhante ao seringueiro Chico Mendes no Plenário da Câmara. “É importante, em todos os anos, ter um momento para lembrar a memória de Chico Mendes, esse grande brasileiro que tanto lutou pela preservação ambiental e por justiça social”, argumentou o deputado.
De Brasília
Márcia Xavier