Documentos reforçam colaboração de Brasil e Argentina na ditadura

Na última quinta-feira (19) o filho do presidente João Goulart entregou uma série de documentos à Comissão Nacional da Verdade que demonstram que o Exército Brasileiro repassou à Argentina, em 1976, uma "lista negra" de seus exilados no país vizinho – incluindo o próprio Jango.

Segundo a comissão, estes documentos reforçam as provas da colaboração das ditaduras sul-americanas no marco da Operação Condor, a rede repressiva das ditaduras da América do Sul que contou com o suporte da inteligência dos Estados Unidos.

Os papéis entregues por João Vicente Goulart revelam que em 1976, ano da morte de seu pai, o Exército Brasileiro solicitou a cooperação das forças de segurança argentinas para saber o paradeiro de quase uma centena de brasileiros exilados no país, entre eles o ex-presidente Jango.

No documento, a terceira divisão do Exército Brasileiro, que comanda as tropas do Sul do País e atua na área na fronteira com Argentina, Paraguai e Uruguai, solicita a cooperação da ditadura argentina, que assumiu o governo depois de um golpe derrubar a então presidente Isabel Martínez de Perón.

Durante a reunião realizada em Brasília, a família Goulart e a Comissão da Verdade reafirmaram que a investigação da morte de Jango não só está centrada nas provas técnicas realizadas após a exumação dos restos mortais, mas também neste tipo de documentos.

Em novembro, o governo determinou a realização de exames nos restos do ex-presidente, derrubado em 31 de março de 1964 por um golpe militar, para esclarecer se foi envenenado em ação da Operação Condor.

"Além da expectativa dos exames dos laboratórios, queremos continuar e acelerar a investigação do caso João Goulart", afirmou a coordenadora do grupo de trabalho Operação Condor da Comissão, Rosa Cardoso, que recebeu os documentos entregues pelo filho do ex-presidente.

Com informações das agências de notícias