Como o escândalo da espionagem repercutiu na AL em 2013

Documentos expostos por Edward Snowden, ex-analista da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês), denunciaram a espionagem norte-americana no maior escândalo de 2013. Pelo menos 35 líderes mundiais foram monitorados. Segundo os arquivos publicados pelos jornais New York Times e The Guardian, na América Latina, Brasil e México foram espionados por Washington.

Por Théa Rodrigues e Vanessa Silva, da redação do Vermelho

EUA

No dia 1º de setembro, a imprensa revelou novas denúncias envolvendo o Brasil. Uma reportagem exibida pelo Fantástico mostrou documentos ultrassecretos que comprovariam que os EUA monitoraram comunicações da presidenta Dilma Rousseff e de seus assessores próximos em 2011. O material fazia parte de uma apresentação interna da NSA.

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Além de Dilma Rousseff, o presidente do México, Enrique Peña Neto, também foi investigado pelos Estados Unidos quando ainda era candidato favorito a assumir o comando do país, em 2012. No documento chamado de "Filtragem inteligente de dados – estudo de caso México e Brasil" pela NSA, os agentes mantinham o monitoramento dos números de telefone, e-mails e o IP (a identificação do computador), incluindo o conteúdo de mensagens de texto entre assessores e colaboradores dos governos do Brasil e do México.

Durante a 68ª Assembleia Geral da ONU, Dilma Rousseff fez um contudente e elogiado discurso condenando a espionagem dos Estados Unidos ao Brasil e outras nações soberanas: “O Brasil é um país democrático, cercado de países democráticos. Vivemos em paz com nossos vizinhos há mais de 140 anos. Não posso deixar de lutar pela soberania de meu país, sem respeito à soberania não há base para o respeito entre as nações.”

Ataques diplomáticos

Também em 2013, dois incidentes que envolveram os EUA e afetaram os aviões presidenciais de Evo Morales e de Nicolás Maduro, ganharam destaque na imprensa internacional: o mandatário da Bolívia, foi obrigado a aterrissar em Viena, durante a volta de uma viagem à Rússia; já o chefe de Estado venezuelano, foi impedido de voar sobre o espaço aéreo porto-riquenho (controlado pelos EUA) em viagem à China.

Em 2 de julho, o avião do presidente da Bolívia, Evo Morales, foi impedido de sobrevoar ou aterrissar em territórios italiano, português, espanhol e francês. Os países alegaram que o ex-agente da CIA, Edward Snowden, poderia estar a bordo da aeronave, fato que não se confirmou.

Diante da Assembleia Geral da ONU, o presidente da Bolívia, Evo Morales, propôs a criação de um “tribunal dos povos” com o apoio de organismos internacionais para levar a julgamento o mandatário dos Estados Unidos, Barack Obama, por delitos contra a humanidade. “Como podem falar de democracia quando os serviços de espionagem violam os direitos humanos, não só dos governos anti-imperialistas, mas dos próprios aliados, dos cidadãos e até da ONU?”, questionou.