Consolidações e entraves da integração latino-americana em 2013

2013 começou com uma má notícia para a integração latino-americana. Um de seus maiores impulsionadores e ideólogos, o venezuelano Hugo Chávez, morreu em abril deixando incertezas sobre o futuro não só de seu país, como também da utopia integracionista. Por outro lado, a volta do Paraguai ao Mercosul e a aprovação da entrada da Venezuela ao bloco por parte do Congresso paraguaio abriram importantes perspectivas na região.

Por Théa Rodrigues e Vanessa Silva, da redação do Vermelho

Para o ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva é preciso criar uma doutrina da integração latino-americana. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, deu declarações no mesmo sentido, enfatizando que é preciso articular, por meio de ações conjuntas, o novo pensamento econômico, político e cultural da região.

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Aliança do Pacífico e a desintegração

Enquanto isso, Chile, Colômbia, Peru e México impulsionaram a criação da Aliança do Pacífico, empreitada que claramente confronta com as iniciativas que buscam um projeto humano e solidário de integração como é principalmente a proposta da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba). Segundo denúncia da jornalista argentina, Stella Calloni, tal proposta abre caminho para o “ofensivo retorno da Área de Livre Comércio das Américas (Alca)”.

Outro tema que gerou polêmica na região foram as declarações do presidente colombiano, Juan Manuel Santos, de que seu país pretende entrar ou colaborar com a Organização do Tratado do Atlântico Norte. Dado o caráter deste organismo internacional, ficou patente a intenção do país de atrapalhar os projetos de integração regional e de seguir colaborando com os Estados Unidos.

Nova integração necessária

Ressaltando o novo caráter e vocação da região, em junho o ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil Antonio Patriota declarou que “o comércio provavelmente deixará de ser o vetor do avanço da integração sul-americana”, que deve voltar-se mais para a solução de problemas sociais”. A mesma motivação esteve presente nas discussões do Foro de São Paulo, realizado no início de agosto na capital paulistana.

Outra realização importante foi a decisão da Alba e da Petrocaribe de criarem o Tratado Constitutivo Eco-Alba, além de uma zona complementar enfocada na Alba-Mercosul-Petrocaribe.

Mercosul

A decisão do presidente do Paraguai, Horácio Cartes, de voltar ao Mercosul marcou também o reestabelecimento da relações diplomáticas entre seu país e a Venezuela, que ficaram estremecidas desde que um golpe parlamentar destitui o presidente Fernando Lugo e os demais presidentes dos países que compõem o Mercosul aprovaram a entrada plena da Venezuela ao bloco.

A 45ª Cúpula do Mercosul, realizada em julho, aprovou a adesão de que a Bolívia seja integrada ao grupo. No mesmo mês, a Assembleia Nacional (AN) da Venezuela aprovou seu protocolo de adesão. Falta a decisão dos demais integrantes. A Guiana e o Suriname, assinaram um acordo-quadro para aderirem como Estados associados ao bloco regional. Já o Equador, solicitou a análise de seu ingresso como membro pleno.