Maranhão: caos em presídios reflete anos de omissão do governo

A atual explosão de violência nos presídios do Maranhão é resultado de um longo período de omissão das autoridades públicas. Essa realidade foi flagrada em 2002. De lá pra cá a superlotação, condições e violência marcam o cenário. Em 2011, a Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ) denunciou a situação ao Alto Comissariado de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), após 24 presos serem mortos em rebeliões, sete dos quais decapitados, em quatro meses.

Além das mortes há denúncias de estupros de irmãs e mulheres de presos ameaçados, por ordem de líderes das facções criminosas. A violência acontece dentro dos presídios, onde não espaço reservado para visita íntima, e também na capital, São Luís. O caso foi denunciado à Comissão de Direitos Humanos da OAB, no último dia 26.

Após inspeção realizada no último dia 23, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Conselho Nacional do Ministério Público emitiram relatório, assinado pelo juiz auxiliar Douglas Martins (CNJ), afirmando que o governo do Maranhão não tem condições de manter o controle dos presídios no estado.

“O número excessivo de mortes em um único ano é fato revelador da necessidade da comunhão de esforços para organizar o sistema prisional do Maranhão. Verificou-se que as unidades estão superlotadas e já não há mais condições para manter a integridade física dos presos, seus familiares e de quem mais frequente os presídios de Pedrinhas”, diz um trecho do documento.

Além disso, o estado também estaria sendo incapaz de apurar casos de tortura, violência e corrupção praticadas por agentes públicos do sistema penitenciário. O relatório foi enviado ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).

No último dia 19, o STF criticou o governo do Maranhão pela falta de ação quanto ao problema. E pediu que o Ministério Público atue para forçar o Executivo a agir.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu informações sobre a situação do sistema carcerário no Maranhão à governadora Roseana Sarney. Os dados poderão embasar um possível pedido de intervenção federal no estado.

No mesmo dia (19), a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), emitiu nota pública pedindo que o governo brasileiro reduza a lotação nos presídios do Maranhão. A decisão responde a um pedido de providências feito pela Sociedade Maranhense de Direitos Humanos e pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em virtude das mortes por brigas entre facções rivais na Penitenciária de Pedrinhas.

A comissão também deu prazo de 15 dias para que o governo informe quais medidas foram realizadas. “Após analisar as alegações de fato e direito apresentadas pelas partes, a comissão considera que a informação apresentada demonstra que as pessoas privadas de liberdade no Complexo Penitenciário de Pedrinhas se encontram em uma situação de gravidade e urgência, pois sua vida e integridade pessoal estariam ameaçadas e em grave risco”, diz a CIDH.

Fonte: Rede Brasil Atual