Síria: Grupos devem decidir participação na conferência de paz

O Conselho Nacional Sírio (CNS), um dos grupos que dizem representar a oposição contra o governo do presidente Bashar Al-Assad, reiterou, nesta sexta-feira (3), que não participará da Conferência Internacional de Paz sobre a Síria, “Genebra 2”. A Coalizão da Oposição Síria deve realizar uma assembleia geral neste domingo (5) ou na segunda-feira (6), em Istambul, na Turquia, e pode decidir sobre a sua posição relativa à conferência.

“Depois de encontramo-nos com delegações de amigos sírios, com o enviado da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, e com [representantes] do Ministério de Relações Exteriores da Rússia, o CNS decidiu que não participará da conferência”, disse o porta-voz, Sameer Al-Nashar, à agência de notícias AFP.

O conselho já havia anunciado a sua rejeição pela participação na conferência em outubro do ano passado. O grupo ameaçou retirar-se da coalizão de oposição síria caso ela participasse, mas uma decisão neste sentido ainda não foi emitida.

Al-Nashar disse ainda: “A forma como esta conferência está sendo montada é ruim (…), lidará com o regime sírio e com a oposição da mesma maneira. Nós recusamos isso.” E continuou: “Durante nossas reuniões com a comunidade internacional, nada foi comprometido.”

O CNS disse reiterar a sua recusa a qualquer garantia a ser dada ao presidente Assad. “Os EUA concordam com a nossa exigência de removê-lo, mas a Rússia a rechaça,” disse Al-Nashar, que expressou “esperança” de que a Coalizão da Oposição Síria não participe da conferência.

“Há muitos outros partidos da oposição, para além do CNS, que não participarão,” continuou. Segundo ele, muitos combatentes que lutam contra as forças do governo são contrários à negociação, e isso significa que “a conferência não acontecerá”.

Os paramilitares que vêm combatendo tropas do governo, em confrontos que espalham a violência por todo o país – e que já mataram mais de 130.000 sírios – continuam recusando-se a sentar à mesa de negociações enquanto o presidente Assad estiver no poder.

Embora exerça constitucionalmente o governo, com eleições presidenciais marcadas para este ano, os grupos armados, que têm apoio militar, financeiro, logístico e político do Ocidente e de países da região – como Arábia Saudita, Turquia, Catar e Israel – exigem que Assad deixe o poder, no que são respaldados principalmente pelos Estados Unidos.

A Conferência Genebra 2 está prevista para 22 de janeiro e foi acordada entre a Rússia e os Estados Unidos, com aval completo do governo sírio, que já manifestava a sua disposição pela diplomacia desde o início do conflito, em 2011.

Desde então, o apoio estrangeiro aos grupos armados, compostos inclusive de milhares de mercenários estrangeiros e extremistas, tem garantido a retroalimentação da violência, a fragmentação e a desestabilização do país.

Com informações do portal Middle East Monitor,
Da redação do Vermelho