Conferência Rosa Luxemburgo debate guerra e anti-imperialismo

A presidenta do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) e do Conselho Mundial da Paz (CMP), Socorro Gomes, viaja à Alemanha para participar da 19ª Conferência Internacional Rosa Luxemburgo, neste sábado (11). No programa do encontro estão homenagens à revolucionária, manifestações contra as guerras imperialistas, diversas mesas de debate sobre conflitos armados, neocolonialismo, juventude e militarismo e os movimentos de luta pela paz e pela autodeterminação.

São esperadas cerca de duas mil pessoas, integrantes de diversos movimentos de luta pela paz de todo o mundo, para a conferência em Berlim. Na introdução do programa, uma homenagem a Rosa Luxembrugo, “grande combatente contra a guerra”, diz Socorro, em declarações ao Portal Vermelho.

A presidenta do CMP lembra que este é o ano do centenário da 1ª Guerra Mundial, grande objeto inicial do protesto de Rosa. “Tratou-se do extermínio de milhões de pessoas e da disseminação da destruição, o que torna este centenário importante para a discussão sobre a guerra”, diz Socorro.

Na conferência, a presidenta explica que o foco incidirá no debate sobre os avanços das lutas dos povos e sobre os desafios atuais para conter a política de guerra imperialista dos Estados Unidos e dos seus aliados da União Europeia, sobretudo os membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Representando o CMP, Socorro falará no encontro sobre a evolução do período pós 2ª Guerra Mundial e sobre a conjuntura mundial atual, “com o desenvolvimento da luta pela paz em contraposição às políticas de agressão imperialista contra a humanidade, que ficaram mais ferozes e mais agressivas”.

Ela fez referência ao marco histórico do emprego da bomba atômica pelos Estados Unidos contra as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, “destruindo duas cidades inteiras e matando milhões de pessoas, com consequências ainda mais abrangentes”.

“O imperialismo cultivou a beligerância, a chantagem e o terrorismo de Estado em detrimento do diálogo para resolver os conflitos, com ênfase também para a Guerra da Coreia, no Vietnã, no Iraque, entre tantas outras”, afirmou Socorro, lembrando também do impacto causado pela queda da União Soviética, que resultou nos Estados Unidos como única potência mundial.

O período imediatamente seguinte foi marcado por “uma geopolítica agressiva e imperialista, reflexo de uma política nacional estadunidense contra todos os que não se submetem aos seus desígnios,” disse a presidenta do CMP.

“Em 2001, os EUA elencaram 60 países como inimigos e intensificaram sua projeção como Estado fora da lei. Reformularam a política da Otan, com a ampliação da sua concepção política para permitir mais ingerência, em todos os continentes.”

“Nós estamos observando, porém, que isso não acontece unilateralmente”, ressalvou. A análise sobre os avanços das lutas humanistas pelo mundo permite concluir: “Na nossa concepção, este será o século da autodeterminação dos povos e da paz,” afirma Socorro.

O congresso, neste sentido, tem um peso de grande relevância para o debate. Rosa Luxemburgo, uma filósofa e economista marxista polonesa-alemã, foi uma ativista incisiva nas manifestações contra a guerra, especialmente a 1ª Guerra Mundial. “Ela tinha uma atuação de campanha, e foi assassinada em consequência deste posicionamento pacifista e revolucionário”, explica Socorro.

A ativista participou da militância em vários partidos e na criação, em 1915, da Liga Espartaquista – em alusão à revolta dos escravos liderada por Spartacus, na Roma Antiga – marxista e revolucionária, que se transformaria no Partido Comunista da Alemanha, em 1918.

Rosa foi assassinada em 15 de janeiro de 1919, durante a repressão brutal do governo da recém-proclamada República de Weimar contra a insurreição marxista da Liga, que tinha como objetivo a revolução socialista na Alemanha.

Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho