Sírios manifestam apoio ao governo e EUA afirmam oposição

Poucos dias antes da Conferência Internacional de Paz sobre a Síria “Genebra 2”, a capital do país, Damasco, voltou a ser cenário de uma marcha massiva a favor do presidente Bashar Al-Assad, nesta quinta-feira (16). Ainda assim, enquanto o grupo que diz representar a oposição discute a sua participação na conferência, os EUA garantiram publicamente que não desistiram do objetivo de um governo transicional que não inclua o presidente Assad.

Manifestação de apoio a Assad - HispanTV

Supostamente como forma de impulsionar a oposição ao governo sírio – ou a chamada Coalizão Nacional Síria, composta de diversos grupos armados equipados e apoiados politicamente por potências ocidentais e por monarquias árabes regionais – a participar da conferência, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, deu uma declaração pública de que o seu país continua buscando a exclusão de Assad de um governo transicional.

Seu compromisso, entretanto, parece ser contraposto por uma das maiores concentrações já registradas, em apoio ao governo sírio, nesta quinta. Diversos grupos religiosos, políticos, sociais e tribais participaram de uma grande manifestação na capital.

Os participantes, citados pela emissora persa HispanTV, asseguravam que “o destino da Síria deve ser determinado pelo povo e dentro do país, não na conferência internacional.”

Vários deles inclusive denunciaram o fato de que os membros da coalizão de oposição vivem fora da Síria, e não são seus representantes, já que traíram seus valores. Além disso, o governo tem afirmado reiteradamente o diálogo com grupos da oposição que residem no país.

Já os EUA, que aceitaram a proposta da Rússia (respaldada pelo governo sírio) para as negociações diplomáticas em detrimento da agressão militar, continuam afirmando que seu objetivo é o afastamento de Bashar al-Assad do governo, exigência feita por diversos grupos armados para definirem a sua participação na conferência.

Na próxima quarta-feira (22), Genebra 2 – assim denominada por ser a continuação da primeira conferência internacional sobre o conflito na Síria, ainda em junho de 2012 – deve ser iniciada na cidade suíça de Montreux e, posteriormente, estendida em Genebra. O objetivo geral é a discussão de uma solução política para a crise violenta que já atinge o país há três anos.

Kerry disse que "qualquer nome proposto para a liderança da transição da Síria deve ser acordado tanto pela oposição quanto pelo regime" o que "significa que qualquer figura considerada inaceitável por um dos lados – seja o presidente Assad ou um membro da oposição – não pode ser uma parte do futuro."

O governo sírio continua denunciando o apoio externo e destrutivo garantido aos grupos paramilitares que combatem as suas tropas oficiais, como parte da ação direta da ingerência estrangeira em sua política doméstica. Estados Unidos, Reino Unido, França, Arábia Saudita, Catar, Turquia e Israel são atores diretos no conflito armado, cujas consequências devastadoras atingem diretamente os civis na Síria.

O país também planeja para agosto a realização das eleições presidenciais, que acontecem a cada sete anos, conforme o previsto pela Constituição. Diversos líderes locais e tribais já pediram que Bashar al-Assad participe das eleições.

Da redação do Vermelho,
Com informações das agências