Crescem protestos contra arrocho na Espanha

Os distúrbios nesta semana na cidade de Burgos, comunidade autônoma de Castilla y León, provocaram reações de apoio em várias regiões da Espanha que reforçam um movimento de protesto contra a política de arrocho .

Os incidentes iniciaram em Gamonal, um bairro operário de Burgos, com os mais altos níveis de desemprego da cidade, cujos moradores rejeitam que se dediquem 8 milhões de euros a um projeto urbanístico em uma zona muito afetada pela crise.

"É absurdo dar 8 milhões de euros para a construção do bulevar, mas não 187 mil euros para reformar uma creche, disse ao jornal digital Público Laura Pérez, mãe de cinco crianças, que em 2013 lutou contra o fechamento de uma creche no bairro.

De acordo com suas declarações, na cidade há mais de sete mil crianças de um a três anos, mas a prefeitura só oferece 306 vagas.

Pérez ilustra o grau de sensibilidade existente, catalizador dos protestos que provocaram a suspensão da obra após a queima de contêiners de lixo, confrontos com a polícia e quase cinquenta detidos.

Concentração e mais pobreza

Os protestos foram apoiados em Madri e outras cidades como expressão de uma situação que continua sendo muito difícil para a população, apesar das declarações do governo sobre a recuperação, a partir de dados macroeconômicos.

Na opinião de Pedro de Palacio, coordenador da Izquierda Unida em Burgos e Raúl Salinero, vereador da cidade, os incidentes têm sua origem em uma política de saque aos cidadãos e concentração da riqueza.

Bancos que financiam a festa urbanística e construtoras ligadas ao setor financeiro levam a bolada e concentram a propriedade que sustenta os partidos subordinados às elites econômicas, afirmaram os políticos em um recente artigo.

O movimento ilustra, na opinião de observadores, a sensibilidade de parte da população mais afetada pela crise que não vê as melhorias chegar, enquanto as autoridades afirmam que o pior já passou e que a Espanha iniciou o caminho à recuperação.

Fonte: Prensa Latina