Documentário 'Repare Bem' tem sessão especial para sindicalistas

Como um convite à verdade e ao passado submerso de histórias pessoais atravessadas pelo regime ditatorial brasileiro nos anos 1970, o documentário “Repare Bem”, de Maria de Medeiros, será exibido na terça-feira (21/01), às 19h, no Hotel Premium, em Campinas-SP, como parte da programação do VI Curso Nacional de Formação de Formadores e Formadoras e do III Curso Nacional de Gestão Sindical, ambos promovidos pelo Centro Nacional de Estudos Sindicais e do Trabalho (CES).

repare bem - Divulgação

A projeção é aberta para sindicalistas e trabalhadores da região e será seguida de um bate-papo com a personagem prie Crispim e com a produtora e colaboradora do roteiro Ana Petta.

O filme, de noventa e cinco minutos, foi gravado no Brasil, Itália e Holanda, entre janeiro e outubro de 2011, resgatando a trajetória da família de Denise Crispim, sua filha Eduarda Ditta Crispim Leite e seu ex-companheiro Eduardo Leite, o “Bacuri”, torturado por 109 dias e assassinado pelos militares. Os relatos e personagens da trama desvelam os aspectos mais cruéis desse período da história brasileira, em um documentário que contribui para os crescentes debates sobre o resgate da memória no Brasil e a reparação das famílias brutalizadas pelo Estado.

Premiado como o melhor longa estrangeiro do Festival de Cinema de Gramado, “Repare Bem” integra o projeto “Marcas da Memória” da Comissão de Anistia, tem parceria da Cinemateca Brasileira e apoios da Fadepe-JF (Fundação de Apoio e Desenvolvimento do Ensino da Pesquisa e Extensão de Juiz de Fora), CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), Fitee (Federação Interestadual dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino), Sindicomerciários Caxias do Sul (Sindicato dos Empregados no Comércio de Caxias do Sul) e Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região.

Em Campinas, conta com o apoio do mandato do vereador e presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte da Câmara Municipal de Campinas, Gustavo Petta.

SERVIÇO:

Exibição do filme “Repare Bem”, de Maria de Medeiros – Seguido de bate-papo com a personagem principal do documentário Denise Crispim e com a produtora e colaboradora do roteiro Ana Petta

Local: Hotel Premium Campinas (rua Novotel, 931 – Jardim Nova Aparecida/Campinas/SP)
Data: Dia 21 de janeiro, às 19h

(http://www.hotelpremiumcampinas.com.br)
Informações: [email protected] – (11) 3101-5120

SINOPSE COMPLETA

Tratou-se de postar as câmaras diante de Denise Crispim e de sua filha, Eduarda Ditta Crispim Leite, e de receber com enorme emoção os seus extraordinários testemunhos. Foi em Roma e em Joure, no norte da Holanda, bem longe do Brasil. No entanto, as suas palavras, que falam de exílio e de memória, levam-nos a um mergulho profundo na história brasileira, dos anos 70 até a atualidade.

Denise Crispim já nasce clandestina em 1949. Seus pais, extremamente politizados, toda a vida lutaram por uma sociedade mais justa e são por isso perseguidos por sucessivas ditaduras. Aos 20 anos, Denise conhece o jovem guerrilheiro Eduardo Leite, “Bacuri”, famoso por sua valentia e audácia, e com ele entra em uma militância mais arriscada. Denise está grávida de seis meses quando cai nas mãos do aparelho repressivo. Seu irmão Joelson acaba de ser assassinado aos 22 anos pela polícia, sua mãe, Encarnación, está presa.

Pouco antes do nascimento da pequena Eduarda num hospital militar, rodeada de policiais, Eduardo Leite, seu pai, é também preso, torturado barbaramente durante 109 dias e assassinado. Com a sua criança recém nascida nos braços, Denise consegue asilo político na embaixada chilena e de lá viaja para Santiago, onde reencontra seus pais, ambos exilados nesse momento. Porém, a família é de novo apanhada por um golpe de Estado militar, o de Augusto Pinochet. Cada um se refugia como pode em diversas embaixadas e Denise e Eduarda acabam por fugir para a Itália.

Denise, sobrepondo-se a muito sofrimento, reconstrói sua vida em Roma onde Eduarda cresce como uma jovem italiana. Hoje, ambas foram anistiadas pela Comissão de Anistia e Reparação no Brasil. Eduarda, mãe de duas meninas e residente na Holanda, recebe o valor simbólico desta “Reparação” como o dom de uma nova vida. O relato de suas histórias convida-nos a uma reflexão sobre os movimentos ideológicos e a luta pela justiça entre a “Velha Europa” e as Américas.

SOBRE MARIA DE MEDEIROS

Cineasta, atriz e cantora, a portuguesa Maria de Meadeiros, é reconhecida no cinema por estrelar clássicos como Pulp Fiction (1994), Henry & June (1990), por dirigir o premiado Capitães de Abril (2000) e outros quatro filmes. Já recebeu o Globo de Ouro nos Estados Unidos e a Coppa Volpi em Veneza, ambos como melhor atriz.

Interessada no tema dos direitos humanos e das resistências populares, teve Capitães de Abril indicado ao festival de Cannes, vencedor do Globo de Ouro (2001) e da Mostra Internacional de São Paulo (2000) como melhor filme. O longa retrata a Revolução dos Cravos em Portugal. Maria de Medeiros foi nomeada Artista da UNESCO para a Paz em 2008, sendo a primeira portuguesa a assumir este papel.

SOBRE ANA PETTA

Ana Petta é formada pela Universidade de São Paulo (ECA-USP) em Artes Cênicas e tem experiência há mais de dez anos como atriz nas áreas de teatro, cinema e televisão. No teatro integrou a Cia São Jorge de Variedades e a Cia do Latão. Participou dos telefilmes “Uns Braços” e “As Mãos de Meu Filho” da TV Record, e do seriado “9mm” do canal FOX. Atuou também nos filmes de curta-metragem “Vontade” de Manoel Rangel, “Tempo Morto” da Cia do Latão dirigido por Sérgio Carvalho, “Aventuras de um Homem Invisível” em “Mundo Invisível”, dirigido por Maria de Medeiros; e no longa-metragem “Trabalhar Cansa” de Juliana Rojas e Marcos Dutra. É roteirista colaboradora e produtora do filme “Repare Bem” de Maria de Medeiros.

O CES

Fundado em 1985, por sindicalistas comprometidos com a luta classista dos trabalhadores e trabalhadoras, o Centro Nacional de Estudos Sindicais e do Trabalho tem como objetivo principal contribuir vigorosamente para a formação política e sindical dos dirigentes e militantes sindicais.

O trabalho do CES está voltado para a realização de cursos, palestras, seminários, oficinas, pesquisas, assessoria de Planejamento Estratégico Situacional e de orientação na criação de Departamento de Formação Sindical.

De Campinas, com texto de Thatiane Ferrari.