Publicado 27/01/2014 11:17 | Editado 04/03/2020 16:27
Não é de estranhar a divisão do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Juazeiro do Norte colocado em público na última assembleia da categoria, realizada no dia 23, especialmente quando o dirigente Marcos Chaves envia e-mail aos meios de comunicação, afirmando que a postura conciliatória com o prefeito Raimundão (PMDB), apresentada na assembleia da categoria pela presidente e ex-presidente, Mazé e Edilberto, não era condizente com a opinião da maioria do Sindicato.
Eis que no momento o prefeito de Juazeiro do Norte promove um verdadeiro desmonte da educação no município. Todos lembram que, no início dessa gestão, ele quis reduzir os já poucos salários dos professores, malogro que teve repercussão nacional. Os 5% do reajuste do ano passado até agora não foram pagos, e a sinalização que deu para o sindicato foi parcelar o retroativo em 36 vezes. Não implantou ainda a lei do piso de redução de 1/3 da carga horária dos professores. O estado já implantou. O Governo Federal deu um reajuste do FUNDEB de 8,32% mas o prefeito de Juazeiro do Norte informou ao Sindicato que o reajuste no município será de apenas 3%.
Com este ensejo, as principais lideranças do sindicato, Mazé e Edilberto, defendem esperar a boa vontade de Raimundão na negociação, enquanto o clima da categoria é de revolta!
O que justifica a atitude desses sindicalistas? Na verdade esse Sindicato há mais de 20 anos é monopolizado pelo PSTU/ CONLUTAS, pequeno grupo da extrema esquerda brasileira, seguidores das ideias do russo Leon Trotsky, conhecidos pelo radicalismo e sectarismo. Consideram-se o verdadeiro “povo eleito de Deus” na luta dos trabalhadores, os “Puros”, os sem máculas, os donos da ética e da verdade. Utilizam dessa maneira a prática de falsificar a História, excluir e exterminar dissidentes, promover a calúnia como instrumento de disputa e desqualificar os desafetos. Condutas consideradas naturais dentro dessa ótica maniqueísta.
Como estratégia atual, esse grupo elegeu como seus principais inimigos de “classe” o PT e o PCdoB, partidos que acusam de “pelegos” (termo sindical utilizado desde o período Vargas para designar os sindicatos controlados pelo estado ou pelos patrões). No entanto dada a ira contra o PT e o PCdoB, o PSTU vem se aliando com a Ultra-Direita. No Piauí recentemente se aliou ao PSDB numa disputa sindical. Eles acreditam cegamente que, após a derrota do ciclo do PT no governo, será a vez do PSTU, PSOL ou coisa do gênero.
Em Juazeiro do Norte, o falatório do PSTU está tendo um efeito bumerangue: vai e volta para eles mesmos. São mais de sete mil servidores municipais, entretanto não há mil filiados ao sindicato, menos de 20%. Eles têm uma prática de não filiar os servidores, com medo de perder o controle nos períodos eleitorais. Ao contrário, é comum a exclusão de servidores do quadro de sócios, seja por algum momento ocuparem cargos comissionados ou pertencerem a outros grupos políticos. São mesmo “Puros” defensores da democracia! Sem falar que é comum nas assembleias a hostilidade de servidores que pensam diferentes. Até o direito da fala dos contrários é suprimido. Utilizam de maniqueísmo para classificar os outros como a verdadeira encarnação do mal. Contraditoriamente, vários de seus membros já ocuparam cargos de confiança nas direções das escolas do estado. Vide Edilberto e Chaves. Mas são “Puros”!
Nas atuais ações do Sindicato, eles olham a realidade pelo retrovisor. Parece até que o prefeito ainda é Santana (PT), de tanto se falar nele. Não estou aqui defendendo o PT. Vejo que houve erros, principalmente, por falta de habilidade política com os professores, e por excessos, foi dado um aumento além do que se podia, e depois quis retirar o que foi dado. Esse foi o grande erro. Faltou habilidade!
Hoje o problema não é Santana! Não dá para aplicar as lições do PSTU como receita de bolo na cabeça dos professores de Juazeiro do Norte. É claro que os erros da gestão petista devem ser sim interpretados e analisados pelo conjunto das forças que defendem o avanço da cidade e deles se tirarem ensinamentos.
O principal problema hoje é a atual gestão, de Raimundão (PMDB), que não respeita o direito dos professores, que já quis inclusive reduzir os seus salários, não aplica a lei do Piso, fecha escolas, e faz mau uso dos recursos da educação, inclusive já comprou merenda em papelaria.
Agora cabe a categoria ir à luta, para manutenção e ampliação dos seus direitos! Independente da confusa e tendenciosa orientação desses “Puros” Sindicalistas!
*Aurélio Matias é professor.