Franceses protestam contra Hollande e a política de arrocho

Ao menos 17 mil franceses manifestaram-se no “Dia da Revolta”, no centro de Paris, neste domingo (26), para protestar contra as políticas do presidente François Hollande. Há duas semanas, uma dessas políticas foi anunciada pelo presidente com o corte de 50 bilhões de euros dos gastos públicos, em uma França já afetada pelo “arrocho” e pelo empobrecimento.

França protestos - Reuters / Philippe Wojazer

Os manifestantes levantavam cartazes com mensagens como “Os franceses estão com raiva!”, junto com outros que mostravam Hollande com orelhas de burro e que pediam a sua demissão. A marcha do protesto partiu da Praça da Bastilha até a dos Inválidos, com chuva pesada.

A ação rechaça as políticas em um país cuja economia está bastante afetada pela crise financeira mundial e pelas imposições de arrocho por toda a Europa, com altas taxas de desemprego, altos impostos e falta de liberdades individuais.

“Hoje, eles tomam o nosso dinheiro de todos os lados. Há novos impostos frequentemente. Já basta!”, disse Johan Bonnain, um manifestante, à agência de notícias AP.

Alguns chegaram até a reivindicar a saída da União Europeia. Outros pediram a suspensão de leis que legalizam casamentos entre homossexuais. Diversos grupos que convocaram manifestações situam-se à direita, um espaço em expansão na Europa.

A multidão reclamava também sobre o recente escândalo pessoal envolvendo Hollande em um caso extraconjugal, que o levou ao divórcio. “Vocês estão aqui para dizer que estão no limite,” disse um dos organizadores à massa, ressaltando que os líderes do país “estão mais preocupados com seus casos (…) do que com o desemprego.”

A polícia também relatou vários ataques contra jornalistas, e ativistas do controverso grupo que se intitula feminista, Femen, foram retiradas do local depois de “insultar os manifestantes”, de acordo com a agência de notícias Itar-Tass.

Em dezembro, o Ministério do Trabalho publicou um relatório segundo o qual o número de pessoas registradas como “fora do trabalho” na França continental aumentou para 3,29 milhões (de uma população à volta de 66 milhões de pessoas).

Já em janeiro, o anúncio de corte de 50 bilhões de euros (R$ 165,5 bilhões) dos gastos públicos entre 2015 e 2017, “em um esforço de ressuscitar a economia”, também enfureceu grande parte dos franceses. Trata-se de uma tentativa de “reconstruir a segurança na economia francesa”, disse Hollande, embora a maior vítima dessas políticas seja geralmente o povo, afetado pelos cortes em serviços e benefícios sociais.

Ainda assim, Hollande disse, em uma coletiva de imprensa para discutir a política econômica no palácio presidencial: “Em 2014, neste ano, economizaremos 15 bilhões de euros [R$ 50 bilhões].”
Segundo o presidente, a “economia” será baseada em uma revisão de todo o gasto público, como as operações das autoridades locais, embora prometesse “preservar o bem-estar social”.

Os cortes serão equivalentes a 4% de todo o gasto público, o segundo maior na Europa. Ao menos 18 bilhões de euros (R$ 60 bilhões) serão subtraídos em 2015, 18 bilhões em 2016 e 17 bilhões em 2017.

“A França perdeu sua força econômica nos últimos dos 10 anos. Precisamos reduzir o gasto público para reduzir a dívida pública, diminuir as taxas e liberar o pacto de responsabilidade,” disse ele, referindo-se à política macroeconômica traçada pelas instituições credoras internacionais.

Da redação do Vermelho,
Com informações da emissora Russia Today