Atriz dos EUA opta por contrato com fábrica israelense ocupante

A atriz norte-americana Scarlett Johansson assinou um contrato publicitário com uma fábrica de refrigerantes, cujo maior local de produção fica em uma grande colônia israelense na Cisjordânia palestina. Várias mídias independentes pediram à atriz que reconsiderasse o acordo, apelando até à organização de defesa dos direitos humanos da qual ela era embaixadora, Oxfam. Nesta quinta (30), entretanto, Scarlett encerrou seu trabalho com a ONG e anunciou a manutenção do contrato.

Montagem Scarlett Johansson em ocupação na Palestina - The Electronic Intifada

Ma’aleh Adumim é uma das maiores colônias israelenses na Cisjordânia e fica próxima a Jerusalém. É em sua zona industrial, Mishor Adumin, que fica a maior fábrica de máquinas de refrigerantes SodaStream, com a qual a atriz estadunidense assinou um contrato de marketing recentemente.

Sua ação levou vários palestinos e ativistas que defendem o movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) a apelarem a Scarlett que, desde 2005, era embaixadora da Oxfam, uma organização originalmente britânica de defesa dos direitos humanos.

Por isso, os ativistas recorreram à ONG para pedir que ela pressionasse Scarlett pelo boicote. A organização, entretanto, nunca afirmou categoricamente a adesão ao movimento BDS, que defende um boicote ao comércio, às instituições acadêmicas e a outras entidades de Israel.

Mesmo assim, a atriz anunciou que se retiraria da Oxfam, citando “divergências de opinião” e defendendo uma suposta “responsabilidade ambiental e social” da SodaStream.

Quando emitiu um comunicado sobre o fim da colaboração de Scarlett, nesta quinta, a ONG disse que “seu papel na propaganda da companhia SodaStream é incompatível com o trabalho dela como uma embaixadora global da Oxfam”, e reiterou a sua oposição a qualquer forma de comércio com as colônias israelenses, “que são ilegais sob o direito internacional.”

Em declarações ao portal de notícias independentes de Israel, +972, um porta-voz da Oxfam disse que a organização não se opõe ao comércio generalizado com o país, mas sim com as colônias em territórios palestinos.

De acordo com a organização, negócios como o SodaStream, que operam nas colônias, “aprofundam a pobreza contínua e a negação de direitos das comunidades palestinas que trabalhamos para apoiar.” Scarlett, entretanto, emitiu uma declaração em que elogia a companhia por seus alegados esforços de proteção do ambiente e do emprego de palestinos “com salários e benefícios iguais”.

Em sua defesa, no começo da semana, a atriz disse que apoia a “cooperação econômica e a interação social entre um Israel democrático e a Palestina,” e que a SodaStream “é uma companhia não só comprometida com o ambiente, mas também em construir uma ponte de paz entre Israel e a Palestina, apoiando os vizinhos que trabalham lado a lado, recebendo salários iguais, benefícios iguais e direitos iguais.”

A atriz ignora o fato mais importante, o da ocupação ilegal de territórios palestinos e a consequente barreira para o estabelecimento do Estado da Palestina, para não falar das denúncias infinitas de que não existe esta situação de “benefícios iguais e direitos iguais” entre os israelenses que defendem a colonização e os palestinos. Os trabalhadores da fábrica afirmam inclusive que são tratados como escravos, de acordo com o portal Intifada Eletrônica.

As duas porções são completamente opostas. Assim como o contrato publicitário de Scarlett com uma empresa ocupante e a sua parceria com uma organização de defesa dos direitos humanos.

Moara Crivelente, da redação do Vermelho,
Com informações dos portais independentes