Evo afirma direito à demanda contra o Chile e insta ao diálogo

O presidente da Bolívia, Evo Morales, rechaçou na sexta-feira (31) a exigência de retirada da demanda marítima contra o Chile no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) como condição para a retomada do diálogo bilateral. O presidente já havia afirmado, na semana passada, a relevância das relações entre os dois países e a sua disposição para mantê-las, mas ressaltou que não o faria à custa da demanda.

Bolívia e Chile - La Razón

Evo respondeu às declarações do novo chanceler do Chile, Heraldo Muñoz, que considerou a demanda boliviana contra o seu país por uma saída para o mar um “obstáculo para uma boa relação” entre bolivianos e chilenos.

“Não somos tão inexperientes como antes. Aprendemos, e que [o Chile] não nos chantageie nem condicione o diálogo através da demanda. Que eu saiba, o diálogo pode ir além da demanda. O que pode ser melhor – se não quer que haja falha em Haia [onde fica o TIJ, na Holanda] – além de resolver o tema do mar”, indagou Evo.

O presidente assinalou também que “usar a demanda como uma chantagem contra o povo boliviano é um erro, mas não só isso: oxalá que, antes de haver outras demandas, resolva o tema do [manancial fronteiriço] Silala e do rio Lauca.”

Citado pelo jornal boliviano La Razón, Evo ressaltou que a Bolívia é um país pacifista que tem tentado resolver a questão através do diálogo, desde que assumiu o governo, mas “nunca houve vontade política” por parte do Chile. Por isso, apelar ao tribunal internacional é um direito do seu país.

A Bolívia apresentou a demanda contra o Chile ao TIJ em 24 de abril de 2013, com o objetivo de pressionar o governo chileno a negociar uma saída soberana boliviana ao Oceano Pacífico.

Os precedentes desta questão, apontados pela Bolívia, envolvem a Guerra do Pacífico, do final do século 19, quando o Chile venceu o Peru e a Bolívia e tomou o controle de suas terras, bloqueando o acesso marítimo aos bolivianos, que perderam 400 quilômetros de litoral e cerca de 120 quilômetros quadrados de terras.

Já no caso dos mananciais de Silala, de acordo com La Razón, a Bolívia afirma que são aquíferos cujo curso em direção ao território chileno se produz à custa de uma canalização artificial, construída em 1908 pela empresa que administra ferrovias.

A controvérsia sobre o rio Lauca surgiu em 1962, quando o Chile desviou as águas que entravam na Bolívia. Isso gerou a ruptura de relações diplomáticas. Ambas as questões foram discutidas e incluídas na agenda da primeira gestão da presidenta chilena, Michelle Bachelet (2006-2010).

Da redação do Vermelho,
Com informações das agências