Mães pela Igualdade protestam contra assassinatos por homofobia

O grupo Mães pela Igualdade se reuniu na sexta-feira (31) na escadaria da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, na Cinelândia, para protestar contra os assassinatos de 39 pessoas por crime de homofobia somente em janeiro. Com cartazes e uma enorme bandeira com as cores do arco-íris, os manifestantes exigiram a criminalização do ódio contra gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBTs).

Mães pela Igualdade protestam no Rio

Uma das integrantes do grupo, composto por mães de pessoas LGBTs, Georgina Martins, explicou que este foi o primeiro ato que elas organizaram desde a criação do movimento, em 2011. “É um absurdo que, em menos de um mês, tenham acontecido 39 assassinatos de pessoas LGBTs. Queremos que o crime de homofobia seja tipificado como crime e sairemos para a rua com mais frequência”, disse ela, ao informar que a prefeitura vai disponibilizar um espaço para servir de sede para atendimento para pais e mães que têm dificuldade para aceitar a condição sexual dos filhos ou que precisam de apoio.

O filho de Georgina, Camilo Martins, explicou que os assassinatos são sempre extremamente violentos e agressivos. “A gente fica muito mexido com isso, pois a pessoa não leva um tiro, ela é enforcada, apedrejada, morta a facadas, então realmente é muito ódio, muita frieza, que não dá para entender”, disse.

Dados coletados por integrantes do Grupo Gay da Bahia (GGB) apontam que o Brasil concentrava 44% de todos os casos de homofobia letal no mundo em 2013. “Os números superam os de países que tem leis que perseguem homossexuais, como Uganda, Nigéria e Rússia”, ressaltou o blogueiro Sérgio Viula.

Para o casal Fernanda de Moura e Gisleide Gonçalves que passava pela manifestação e decidiu permanecer com o grupo, a maioria das práticas de preconceito não mata, mas são extremamente danosas. “Não é só a questão do assassinato, é o dia a dia. Os olhares, as piadas, a mídia. Claro que o pior é quando acaba com assassinato, mas não é só isso que sofremos cotidianamente”, declarou Gisleide, que é diretora de escola. “Precisamos de investimento em educação, como formação de professores onde abram o debate sobre a questão da sexualidade dentro da escola, tem que começar na base”.

Para Kelly de Mendonça Bandeira, que é mãe de um rapaz homossexual de 23 anos, é preciso conscientizar também as famílias contra o preconceito. “Como mãe que já foi preconceituosa, estou aqui justamente dizendo que o amor transforma, de verdade. Quando meu filho me contou eu não aceitei, mas o amor me transformou”, disse.

O advogado Sérgio Roque passava pela Cinelândia e parou para ler os cartazes. “Acho importante, pois é uma forma de denunciar o que está acontecendo e cobrar políticas públicas sociais que possam agregar, incluir e conscientizar e pressionar a Justiça a receber esses casos e punir com rigor”, disse.

Fonte: Agência Brasil