Cristina: “não permitirei que continuem saqueando os argentinos”

A presidenta da Argentina, Cristina Kirchner pediu, nesta quarta-feira (5) que os empresários “reinvistam no país”, ao invés de enviarem divisas para o exterior, afirmou que o país “nunca teve a construção de uma burguesia com consciência nacional" e advertiu que não vai "permitir que continuem saqueando o bolso dos argentinos”. As declarações foram proferidas na Casa Rosada, sede do governo, em um momento em que seu governo sofre forte pressão no mercado de câmbio.

"Nós não somos liberais, acreditamos no crescimento e desenvolvimento da economia a partir do consumo popular e do investimento empresarial", afirmou Cristina| Foto: Raúl Ferrari/ Telám

Algumas horas antes, os ministros de Defesa, Agustín Rosi, e do Interior e Transporte, Florencio Radazzo, ratificaram que a presidenta governará até o último dia de seu mandato, em um cenário repleto de notícias negativas manejadas pelo polo opositor, consideradas manobras desestabilizadoras.

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Cristina deu a declaração após anunciar um aumento de 11,31% para a aposentadoria a partir do dia 1º de março, o que significa 27,35% a mais em comparação com o ano passado. Também anunciou outro aumento no Bolsa Escola de 200%, passando a ser de 510 pesos (R$ 154).

“Alguns economistas das emissoras do desânimo chamam de medidas populistas ou de expansão econômica que, dizem, provoca inflação… Nós não somos liberais, acreditamos no crescimento e desenvolvimento da economia a partir do consumo popular e do investimento empresarial”, afirmou.

No discurso, realizado no Salão das Mulheres, com a presença de membros do gabinete e governadores, a presidenta questionou o "setor financeiro que não gosta muito, não gosta nem um pouco deste governo" e apontou que "pelo menos os nacionais deveriam querê-lo um pouquinho mais, porque quando chegamos em 2003, a participação dos bancos estrangeiros era mais alta".

Também fez referência ao papel de alguns dirigentes sindicais que lutam "contra as manobras especulativas de mercado, mas que propõem como única solução o aumento de salários e pronto. Não dá para entender o que está acontecendo, e ainda por cima querem entrar em um desfiladeiro no qual os prejudicados serão todos os argentinos".

Cristina manifestou que "devemos apostar ao que nunca tivemos: a construção de uma burguesia com consciência nacional".

A Presidenta afirmou que "os que falam e admiram os Estados Unidos, a Alemanha, a França e a Inglaterra, deveriam ter mais compromisso nacional porque não existem possibilidades de grandes desenvolvimentos e grandes empresários, sem um país grande".

Acrescentou que "existem setores que já não precisam subsídios devido à prosperidade", e frisou "políticas de ajuste não, políticas de equidade, sim". E acrescentou: "Não é justo que quem compra dólares tenha subsidiado o gás, a luz".

Com informações da Telám e do La Jornada