Atos marcam os dez anos da ocupação do Pinheirinho

Em 26 de fevereiro de 2004 centenas de famílias sem-teto ocuparam o Pinheirinho, uma área abandonada de 1,3 milhão de metros quadrados, em São José dos Campos, interior de São Paulo. Dez anos depois, moradores voltarão a se reunir em duas manifestações para reafirmar que a luta por moradia não acabou.


Foto: Roosevelt Cassio/Reuters

Duas atividades acontecerão na quarta-feira (26). Uma às 9h, em frente ao Pinheirinho, e outra às 17h, na paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro – local que serviu de abrigo para as famílias violentamente arrancadas de suas casas no dia 22 de janeiro de 2012

Uma exposição de fotos que retratam o cotidiano dos moradores do Pinheirinho, incluindo cenas da desocupação, das assembleias, passeatas e protestos será montada na paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.

Histórico

Foi em 2003 que 150 famílias ocuparam as casas populares construídas pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), no bairro Campo dos Alemães, em São José dos Campos. A ocupação foi resultado da falta de uma política habitacional da Prefeitura para pessoas de baixa renda. Muitas daquelas famílias já estavam inscritas há anos em programas de habitação do município. No ano seguinte, a Polícia Militar, a pedido da prefeitura, fez uma desocupação violenta no conjunto da CDHU. As famílias então foram para uma área chamada “Campão”, também no Campo dos Alemães, onde mais uma vez enfrentaram a repressão.

Em 2004, no dia 26 de fevereiro, seguiram para a área que ficou conhecida como Pinheirinho. A área, de propriedade do megaespeculador Naji Nahas, estava abandonada há 30 anos. Com o passar dos anos, a ocupação cresceu e se tornou um “bairro”, com casas, comércio, ruas, pequenas plantações, igrejas. Os moradores se organizaram politicamente para se manterem no local. A essa altura, já eram 2 mil famílias.

Mas foi em 22 de janeiro de 2012 que o Pinheiro passou a ser conhecido, infelizmente, por conta de mais uma desapropriação desastrosa da política, com violência e autoritarismo. No entanto, a Tropa de Choque da PM, comandada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), não contava que muitos moradores reagiriam. O resultado foi o pior possível. Muitos feridos e muitas acusações de atos de violência contra os policiais (inclusive há vídeos que comprovam). Todas as famílias foram retiradas de suas casas. Tudo foi destruído. No local, nada foi construído. Há apenas muito entulho. Enquanto isso, as famílias ainda aguardam serem encaminhadas para unidades habitacionais populares. 

Diante da repercussão da violenta desocupação e da luta de resistência das famílias, os governos federal, estadual e municipal já anunciaram que serão construídas 1.800 casas no bairro Putim para os ex-moradores do Pinheirinho. Aguardemos.

Com informações do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos