Deputados vão ao Amazonas ouvir testemunhas da CPI da Pedofilia

CPI da Pedofilia no Amazonas / Foto: ALEAM

Escoltadas pela Polícia Federal, na quinta-feira (20) a presidente da CPI da Pedofilia da Câmara Federal, deputada Érika Kokay (PT-DF), e a relatora, deputada Liliam Sá (Pros-RJ), viajaram em um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) à cidade de Coari (AM), onde tomaram durante o dia os depoimentos de seis testemunhas, inclusive ameaçadas de mortes, por denunciar os supostos crimes que envolvem o prefeito Adail Pinheiro(PRP), que está preso no Batalhão de Cavalaria da Polícia Militar, em Manaus.

As deputadas foram acompanhadas na viagem pelos deputados estaduais Luiz Castro (PPS) e José Ricardo Wendling (PT) e por representantes da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, do Ministério Público Estadual

No início da noite desta quinta-feira, as deputadas federais da Comissão Parlamentar de Inquérito que apura denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes retornaram para Manaus. Na sexta-feira (21), Érika Kokay e Liliam Sá tomariam os depoimentos dos 20 réus da Operação Estocolmo da Polícia Civil do Amazonas. A investigação tem como base denúncias de corrupção de menores, favorecimentos à prostituição, entre outros crimes, envolvendo políticos, empresários, comerciantes, aliciadores e 30 meninas vítimas de abusos com idades entre 12 e 17 anos.

Dos 20 réus convocados pela CPI da Pedofilia para depor em audiência na Assembleia Legislativa do Amazonas, os advogados de apenas quatro deles confirmaram ao portal Amazônia Real que comparecerão aos depoimentos: o deputado estadual Fausto Souza de Neto (PSD), empresários Walcimar de Souza e Raimundo Sales de Queiroz Pedrosa, do ramo de supermercados, e o ex-prefeito de Jutaí, Asclepíades da Costa de Souza (PR).

Quem é quem

Segundo a CPI da Pedofilia, que divulgou os nomes dos acusados, foram convocados os réus: os empresários Anílson Jaime Rodrigues, do ramo da construção civil, José Roberto Afonso, do setor de transportes, Oscar Cruz Hagge, de embarcações, Paulo Sérgio Montenegro, comanda uma gráfica, Waldery Areosa Ferreira, da educação e turismo, e o filho dele, Waldery Areosa Júnior, dono de uma boate da capital, além do advogado Aldamor Rodrigues e do cônsul honorário da Holanda, Vitório Nyenhuis. Também serão ouvidos, segundo a comissão, os acusados de aliciamentos de menores Casemiro Peixoto Vieira, Francisco Ferraz Feitoza, Janaína Tomaz Ribeiro, Jian Marcos Dalberto, Luciana Canoe Silva, Pablo Thiago Gomes, Tayla Silva de Souza e Wilkens Maciel Fernandes. Todos os envolvidos negam as acusações.

Antes da viagem a Coari, a deputada Érica Kokay disse ao Amazônia Real que a comissão já recebeu uma cópia do inquérito de quase 4.000 páginas da Operação Estocolmo. Segundo ela, são esperados os depoimentos dos 20 réus convocados de maneira reservada devido ao segredo de justiça da investigação. “Não sei se vamos colher todos os depoimentos, se eles vão ser localizados, mas vamos fazer a coleta de todos, nem que seja pela madrugada de sábado (22)”, afirmou.

No dia 28 de janeiro, o Tribunal de Justiça do Amazonas acatou denúncia contra os 20 acusados da Operação Estocolmo da Polícia Civil, que desmontou o esquema de abusos contra menores em 2012. Eles foram indiciados em crimes de corrupção de menores, favorecimento à prostituição infantil e rufianismo, que é a obtenção de lucro mediante exploração sexual, entre outros crimes. Antes da decisão do tribunal, o ConselhoNacional de Justiça cobrou celeridade na votação da denúncia pelos magistrados amazonenses.

A reportagem localizou alguns dos advogados dos réus da Operação Estocolmo. Carlos Henrique Souza, advogado do deputado estadual Fausto Souza, confirmou que ele iria comparecer aos depoimentos da comissão. “Ele nega todas as denúncias levianas. Na CPI ele só vai falar o que lhe convém”, disse o advogado.

José Francisco Lima Pessoa, que defende o empresário Raimundo Sales de Queiroz Pedrosas, disse que ele iria depor. Assim como a assessoria do advogado Alcimar Almeida Sena, que faz defesa dos réus Asclepíades Costa de Souza e Walcimar de Souza.

Jayme Pereira Junior, advogado dos réus Waldery Areosa Ferreira e Waldery Areosa Ferreira Junior, não respondeu às perguntas enviadas pela reportagem como ele solicitou.

Eliete de Oliveira, advogada do réu Oscar Cruz Hagge, disse que o processo era sigiloso e não poderia comentar nada em relação a CPI.

Os outros advogados dos 16 réus restantes não foram localizados para falar sobre as investigações a comissão.

Fonte: Brasil de Fato