Sauditas trocam representante para a Síria a pedido dos EUA

O regime monárquico da Arábia Saudita resolveu afastar o príncipe Bandar bin Sultan (na chefia dos serviços de inteligência, ou espionagem) da representação do reino frente à crise na Síria. O envolvimento direto de bin Sultan com os grupos extremistas que confrontam o governo sírio e perpetram atos de terrorismo é amplamente denunciado, mas o governo saudita continua atuando no política internacional como se tratasse de um ator “preocupado” com a população síria.

Bandar bin-Sultan no Reino Unido - Reuters

De acordo com relatos recentes citados pelas emissoras persas PressTV e HispanTV, a Arábia Saudita nomeou o ministro do Interior, o príncipe Mohammed bin Nayef, para representar as políticas anti-Síria, em substituição do chefe veterano da espionagem saudita, um apoiador dedicado dos paramilitares e grupos radicais que atuam no conflito.

Segundo fontes diplomáticas citadas pela PressTV, os EUA (também no respaldo dos grupos armados que combatem o Exército sírio e exigem a destituição do presidente Bashar Al-Assad) teriam exigido a remoção do príncipe Bandar após a crescente divulgação do seu envolvimento com extremistas religiosos que têm realizado atos brutais na Síria.

Na última quarta-feira (19), o jornal estadunidense The Washington Post informou que o ministro do Interior saudita teria representado a monarquia em um encontro entre chefes da espionagem árabe e norte-americana nos EUA, onde ele se reuniu com a Conselheira de Segurança Nacional estadunidense, Susan Rice.

O príncipe saudita também vinha vociferando na mídia contra os aliados ocidentais, em especial os Estados Unidos, pela redução do tom agressor e a suspensão da ameaça direta de intervenção militar contra a Síria. A opção pela diplomacia, impulsionada pela Rússia e respaldada pela China, com o engajamento determinante do governo sírio, acabaram por frustrar a justificativa ocidental e saudita de uma agressão contra o país.

Segundo as mesmas informações, o príncipe Miteb bin Abdullah, filho do rei Abdullah bin Abdulaziz e chefe da Guarda Nacional saudita, também assumiu uma maior porção de responsabilidades pelas políticas do reino sobre a Síria.

O diário estadunidense The Wall Street Journal citou um analista saudita que atua como conselheiro da monarquia dizendo que o mundo começará a ver “uma nova estratégia para a Síria, mais silenciosa, mais aberta e não tão extrema. Haverá mais política e, provavelmente, menos força armada.”

De acordo com as notícias, os conselheiros reais da Arábia Saudita disseram que a remoção do príncipe Bandar da política externa sobre a Síria pode levar à melhoria das relações entre os sauditas e os estadunidenses.

No passado, Bandar havia presidido operações da Arábia Saudita contra Damasco, com pouco sucesso, de acordo com a PressTV. Não houve menção ao príncipe na mídia saudita desde janeiro; segundo apurou a emissora persa, ele estaria em um hospital nos EUA e vive atualmente no Marrocos.

Da redação do Vermelho,
Com informações das emissoras PressTV e HispanTV