Economistas apostam em elevação menor da taxa de juros

Economistas de instituições financeiras cravaram as apostas de que o Banco Central reduzirá o passo do aperto monetário ao elevar a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual nesta quarta-feira (26), a 10,75% ao ano, ao mesmo tempo que pioraram suas estimativas sobre o crescimento econômico e a inflação neste ano.

Caso se confirme, esta será a oitava elevação seguida da Selic, que esteve no patamar recorde de 7,25% em abril de 2013. Nas últimas seis decisões, a taxa subiu 0,50 ponto percentual.

A Selic é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida e isso gera reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato e há incentivo à produção e ao consumo. Entretanto, a medida alivia o controle sobre a inflação.

O BC tem que encontrar equilíbrio ao tomar essa decisão e assim fazer com que a inflação fique dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. A meta tem como centro 4,5% e esse é o objetivo principal do BC, mas há uma margem de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Ou seja, para que o limite não seja ultrapassado, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), escolhido para a meta, tem que fechar o ano em, no máximo, 6,5%.

A pesquisa Focus do Banco Central mostrou que a expectativa para a taxa básica de juros em 2014 continua sendo de 11,25%, com mais duas altas de 0,25 pontos esperadas em abril e em dezembro. Para 2015 também ficou inalterada a projeção de 12,00%. A expectativa de aumento de 0,25 ponto agora foi reforçada também no mercado futuro de juros, após o governo anunciar nova meta de superávit primário neste ano, a 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB), considerada mais crível e com potencial para melhorar a credibilidade do governo.

Mais otimistas

De olho no comportamento do mercado e após seis altas seguidas de 0,50 ponto percentual, analistas econômicos apostavam em uma elevação menor da taxa básica de juros (Selic). Seria a primeira vez, desde abril do ano passado, que o Copom elevaria a Selic em apenas 0,25 ponto percentual. Com a alta, o juro básico iria para 10,75% ao ano.

Levantamento realizado pela agência de dados econômicos Bloomberg com 61 instituições mostrou que a maioria (44 apostas) espera um aumento mais modesto no juro. Em contrapartida, 16 especialistas defendem um aperto monetário mais forte, de 0,50 ponto percentual, até 11% ao ano, acompanhando o ritmo das últimas altas da Selic. Um analista vê ainda a manutenção da taxa básica em 10,5% ao ano. Apesar de a maioria apostar em uma alta menor, indicadores recentemente divulgados reforçam a convicção de alguns analistas na elevação de 0,50 ponto percentual.

Da ultima reunião, em janeiro, para cá muita coisa mudou. As mais significativas foram os dados de atividade econômica, principalmente a produção industrial e o varejo de dezembro e o IBC-Br (indicador da atividade econômica medido pelo BC), afirma Daniel Moreli, economista do Banco Indusval & Partners.

"Essas informações acabaram levando o mercado a reduzir a alta da Selic de 0,50 ponto percentual para 0,25 ponto percentual. A gente oficialmente manteve em 0,50 ponto percentual, mas obviamente existe um viés muito grande para 0,25 ponto percentual nesta semana", completa.

Além desse avanço, o economista aposta em alta de 0,25 ponto percentual no encontro de abril do Comitê.

Com informações do Portal Terra e Correio do Brasil