Petrobras no centro da disputa política na Câmara

A aprovação da comissão externa para investigar a Petrobras, na noite desta terça-feira (11), na Câmara dos Deputados, “se baseou muito mais na luta política que se estabeleceu aqui entre o 'blocão' e o governo do que propriamente pelo interesse de investigar alguma coisa”. A avaliação é da líder do PCdoB, deputada Jandira Feghali (RJ), que votou contra a criação da comissão.
 

Petrobras no centro da disputa política na Câmara - Agência Câmara

O deputado Sibá Machado (AC), que é vice-líder do PT, afirmou que tudo não passa de estratégia eleitoral da oposição, de olho na eleição de outubro. "A oposição escolheu pontos para sangrar até a eleição. A Petrobras cresce, aumenta investimentos, supera a expectativa de lucro e, ainda assim, a oposição vai dizer que ela não cresce", criticou.

Leia também:
Oposição e dissidentes impõem derrota ao governo na Câmara

Antes da votação em Plenário, o líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), alertou para o fato de o ministério público da Holanda ainda não ter decidido se vai, ou não, levar adiante as investigações sobre as denúncias.

"No exato dia em que a Petrobras está captando 12 bilhões de dólares, a Câmara dos Deputados traz para ser votado requerimento para acompanhar aquilo que, tudo indica, ainda não existe", criticou Chinaglia.

A opinião de Chinaglia é compartilhada por Feghali. “A denúncia que foi feita pelo ex-funcionário da empresa holandesa sequer até aqui teve inquérito instaurada na própria Holanda. O Ministério Público holandês ainda não tem segurança sobre os indícios para abrir o inquérito”, afirmou a parlamentar.

“A gente cria uma comissão especial para ir à Holanda para fazer o que mesmo, se nem lá eles têm investigação estruturada”, analisa Jandira, destacando que “não acho responsável e patriótico a gente antes de conversar com a Petrobras; a Controladoria geral da União (CGU); o Ministério da Justiça, que comanda a Polícia Federal (PF); e o Ministério Público brasileiro, se deslocar para um país no exterior”.

“Por isso votamos contra, para não expor a maior empresa brasileira de forma irresponsável e leviana”, explicou Jandira, acrescentando que o PCdoB votou contra também “por que entendemos que isso é só um cabo de guerra política para tencionar o governo nas demandas e nos pleitos colocados pelo blocão”.

Uso político

“Como a comissão externa já foi criada. Se tiver vaga, nós vamos participar, para evitar que ela seja distorcida, que não tenha uso político indevido contra o Brasil e contra a Petrobras”, afirmou Jandira, que anunciou que vai acompanhar a conversa que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, e da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, terão nesta quarta-feira (12) com os deputados sobre as investigações de denúncias contra a Petrobras.  E que a presidenta da Petrobras, Graça Foster, foi convidada para falar sobre o assunto na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara.

Já o líder do PT, deputado Vicentinho (SP), minimizou o impacto da votação. Ele lembrou que o seu partido é o maior da Câmara e deverá estar em peso na composição da comissão externa. "Vamos cumprir o que foi aprovado, mas o PT é o maior partido e estará em maior número", declarou.

A comissão, de caráter temporário, vai acompanhar as investigações efetuadas pela instituição holandesa equivalente ao Ministério Público brasileiro. Os membros do colegiado serão indicados pelo presidente da Câmara, após ouvir os líderes partidários. Caberá aos integrantes da comissão definir o plano de trabalho e, depois de acompanhar as investigações, adotar providências cabíveis para evitar prejuízos à Petrobras.

Segundo a oposição, há denúncias de que a empresa SBM Offshore, com sede na Holanda, teria pago propina a funcionários de petroleiras de diversos países, entre as quais a Petrobras, para conseguir contratos de locação de plataformas petrolíferas entre os anos de 2005 e 2012.

De Brasília
Márcia Xavier
Com agências