Ato em BH, exalta resistência do PCdoB pela democracia no Brasil

A comemoração nacional dos 92 anos do PCdoB em Belo Horizonte, nesta segunda-feira (24), mostrou a força política do partido mais antigo do Brasil, no estado de Minas. O ato solene, realizado na Assembleia Legislativa, reuniu lideranças políticas nacionais, partidos aliados e a combativa militância comunista mineira. Contou ainda com a presença do presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, dos senadores Inácio Arruda (CE) e Vanessa Grazziotin (AM) e da deputada federal Jandira Feghali (RJ).

92 anos PCdoB em BH_1 - Fotos: JC Martins

Lideranças de diversos partidos aliados também demonstraram respeito ao partido mais antigo do país. Estiveram presentes os deputados federais Odair Cunha (PT), Antônio Andrade (PMDB), Saraiva Felipe (PMDB) e Antônio Roberto (PV); os deputados estaduais Pompilio Canavez (PT) e Rogério Correia (PT); o ex-embaixador do Brasil em Cuba, Tilden Santiago (PSB); e o vice-prefeito de Belo Horizonte, Délio Malheiros (PV).

O presidente do PCdoB-Minas, Wadson Ribeiro, lembrou que durante as últimas décadas o PCdoB teve um papel destacado no cenário político nacional. Destacou ainda que, a cada ano, os aniversários do PCdoB têm se transformado na expressão de força do Partido. “É um motivo de orgulho para todos realizar o aniversário do PCdoB em Belo Horizonte. Reflete esse momento em que o Partido procura, aqui em Minas, crescer através dos movimentos sociais, estudantil e sindical. Em 2012 tivemos vitórias importantes no sentido de ampliação da nossa bancada de vereadores e prefeitos e na semana passada tivemos a conquista do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim.”

Também participaram do ato a deputada federal Jô Moraes, o deputado estadual Mario Henrique Caixa, o vereador de Belo Horizonte Gilson Reis, o prefeito de Contagem Carlin Moura, o presidente nacional da CTB, Adilson Araújo (CTB), e o presidente da Fundação Maurício Grabois, Adalberto Monteiro.

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Este ano, as celebrações dos 92 anos do Partido coincidem com o momento em que o Brasil debate o significado do golpe militar (1964-1985). Em seu discurso, o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, ressaltou que, ao lado de outras forças democráticas, populares e patrióticas, os comunistas brasileiros “se empenharam nas ações da resistência democrática que enfrentou e derrotou o regime ditatorial”.

“A conquista da democracia, em 1985, foi resultado de uma épica jornada. Muitas lutas foram travadas, muitas vidas foram ceifadas. Quase 30 anos depois da redemocratização, o direito da nação à memória e à verdade é uma bandeira apenas parcialmente alcançada. Com os governos Lula e Dilma passos importantes foram dados – e continuam sendo – pelo trabalho da Comissão da Anistia, da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos e da Comissão Nacional da Verdade, mas só serão plenos esses passos com a punição daqueles que, em nome do regime ditatorial, cometeram crimes como torturas e assassinatos. Para que nunca mais se repita este período de trevas na história do país, precisamos lembrá-lo sempre, rendendo homenagens aos que resistiram e lutaram contra o arbítrio da ditadura. A luta destes homens e mulheres nos orgulha e nos inspira a seguir avante.”

Renato relatou a longa e heroica jornada que os comunistas brasileiros enfrentaram durante o regime militar. E lembrou que, ao preço da vida de quase uma centena de dirigentes e militantes, o PCdoB empenhou-se abnegadamente nas diferentes batalhas – dando grande contribuição na definição da tática de enfrentamento à ditadura, que evoluiu no decorrer da luta. “O Partido foi tecendo sua política de combate à ditadura, levando em conta a escalada autoritária do regime, a correlação de forças e o posicionamento dos demais integrantes da frente oposicionista.”

Em dezembro de 1968, com a promulgação do Ato Institucional nº 5 e a posse do general Emílio Garrastazu Médici, o regime assumiu claramente a feição de “uma ditadura militar de caráter terrorista” – o que elevou a determinação de diversos grupos opositores, entre eles o PCdoB, de que a resistência ao regime ditatorial deveria ser feita de armas na mão. “O PCdoB já estava convicto da luta armada; todavia, este caminho foi reforçado à medida que se elevava a consciência na camada avançada da oposição de que era preciso fazer frente ao banditismo de um regime truculento, sanguinário e fascistizante.”

Convicto, já nos primeiros anos do regime, de que a “ditadura viera para ficar”, o Partido iniciou no final de 1966 o deslocamento de militantes para o sul do estado do Pará – uma região da Amazônia banhada pelo rio Araguaia. Os comunistas buscaram juntar-se à população local e lançaram um programa no qual se comprometiam com “os direitos do povo do interior” e formaram três destacamentos guerrilheiros e uma Comissão Militar da qual fizeram parte João Amazonas, Maurício Grabois e Ângelo Arroyo.

Em 12 de abril de 1972, mais de dois mil soldados iniciaram os ataques às bases guerrilheiras do PCdoB no sul do Pará – a maior mobilização militar brasileira desde a 2ª Guerra Mundial. “Poucos guerrilheiros sobreviveram. Uma parte deles morreu em combate, outra foi presa, torturada, e muitos executados. Até hoje os corpos de quase todos os mortos no Araguaia continuam desaparecidos. Centenas de moradores que apoiavam os guerrilheiros ou eram suspeitos de fazê-lo também foram vítimas da violência dos militares. Mesmo derrotada militarmente, a Guerrilha do Araguaia cumpriu um papel relevante. Alimentou o ânimo e a esperança dos setores mais avançados da oposição. Até nos dias de hoje, a resistência do Araguaia – a coragem de seus integrantes de lutarem pela democracia ao preço da própria vida – motiva e impulsiona setores do povo, em especial da juventude, para se engajarem na luta democrática, popular e revolucionária. Nomes como Osvaldo Orlando Costa (Osvaldão), Dinalva Oliveira Teixeira (Dina), João Carlos Haas Sobrinho (Juca), Helenira Resende (Fátima), Antônio Guilherme Ribeiro Ribas (Ferreira) e dos demais guerrilheiros e guerrilheiras estão na galeria de heróis do povo brasileiro”.

O dirigente nacional afirmou que na comemoração dos 92 anos do PCdoB, na simbólica data do cinquentenário do golpe militar, o Partido entende que o país mudou inteiramente, conquistando uma nova etapa na sua história. Mas enfatizou que os desafios da atualidade são ainda maiores. “É hora de agregar amplas forças políticas e sociais, para o Brasil avançar na realização das reformas democráticas e estruturais, com mais desenvolvimento, mais democracia e mais progresso social, mais integração com seus vizinhos no continente, barrando assim o retorno das forças reacionárias e conservadoras. Garantindo a quarta vitória do povo neste ano”, concluiu.

Para o deputado Celinho do Sinttrocel – proponente da solenidade na Assembleia mineira – o PCdoB deixa registrado, nesses 92 anos de existência, bandeiras importantes como a da educação, da democratização da comunicação, do esporte e da defesa dos trabalhadores. “Em Minas, terra de Tiradentes e de Osvaldão, nosso Partido também escreveu sua luta. Lutaremos por mudanças e avanços concretos. A luta não vai ser fácil, mas em lutas mais acirradas o PCdoB nunca faltou.”

O senador Inácio Arruda – que participou na tarde desta segunda (24) da sessão solene na Assembleia do Rio de Janeiro (Alerj) de entrega simbólica do mandato às famílias de 14 deputados comunistas cassados em 1948 – definiu o PCdoB como um “partido lutador, ligado às aspirações populares e muito ativo na vida política do país”. “É um partido muito importante para as causas sociais, porque vai demonstrando, através de sua longa trajetória, que se mantém sintonizado com as ações mais juvenis do nosso tempo: que é abrir os caminhos para uma sociedade socialista no Brasil.”

A presença da juventude mineira na solenidade mostrou a força dos jovens comunistas do estado. O presidente da União da Juventude Socialista (UJS), André Tokarski, afirmou que ao longo desses 92 anos o PCdoB tem sido um termômetro da democracia brasileira. “A presença da juventude demonstra que o PCdoB também é o Partido do futuro, das novas ideias e de uma nova sociedade.” A presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Virgínia Barros, lembrou que o PCdoB se caracteriza como um partido antigo, mas acima de tudo muito jovem – com a presença massiva de mulheres e trabalhadores. “Realizar aqui em Belo Horizonte esse ato é uma forma de reafirmar o PCdoB como o partido que sempre lutou pela democracia, pela soberania do nosso país e que depois de 92 anos de sua fundação se mantém vivo, ativo e lutando pelo aprofundamento da democracia plena em nosso país.”

Lideranças políticas

A significativa presença de lideranças de partidos aliados na atividade demonstrou o respeito e o poder agregador do PCdoB em Minas e no restante do Brasil. Em uma breve saudação aos comunistas mineiros, o deputado federal Antônio Andrade (PMDB) exaltou a atuação do PCdoB no processo de redemocratização do país. “Muitas vidas foram ceifadas durante esse processo, mas valeu a pena. O PMDB continua convicto de que valeu a pena a luta dos partidos.” Segundo ele, o aniversário do PCdoB deve ser comemorado com muita alegria por todo povo brasileiro.

O deputado estadual Pompilio Canavez e o deputado federal Odair Cunha – ambos do PT – falaram da histórica aliança com os comunistas mineiros. “Aqui em Minas, o PCdoB e o PT também estão escrevendo uma história de luta, de conquistas e resistência”, ressaltou Canavez. De acordo com Odair Cunha, “a história do PCdoB se confunde com a história das lutas democráticas brasileiras”.

Em nota, o ex-ministro Fernando Pimentel enviou suas saudações ao PCdoB e afirmou que desde a redemocratização o Partido “é parceiro do PT, importante aliado dos governos do presidente Lula e da presidenta Dilma. Caminhamos juntos desde as primeiras eleições presidenciais, de 1989, o que faz o PCdoB um dos nossos aliados mais constantes”.

Em entrevista ao Portal Vermelho-Minas, no jantar de adesão do PCdoB, o prefeito de Márcio Lacerda exaltou a trajetória dos comunistas brasileiros. “Esses 92 anos representam a continuidade na crença de um ideal por uma sociedade melhor e isso é muito bom para a nossa história e melhor ainda para o nosso presente. O PCdoB representa, em termos de qualidade de ação política, um ativo muito importante da nossa sociedade. Tem quadros de excelente qualidade, disciplina partidária e coerência com seus princípios que é algo raro no meio partidário brasileiro”.

Por Mariana Viel,
da Redação do Vermelho-Minas