Estudantes reivindicam que educação em Minas seja levada a sério

A juventude mineira está mobilizada para participar da Jornada Nacional de Lutas da Juventude — série de manifestações que irão ocorrer até o final do mês de abril em mais de 10 capitais brasileiras. Em Minas Gerais, a atividade será realizada nesta terça-feira (1º/3). A concentração de alunos de escolas e universidade públicas do estado acontecerá a partir das 9 horas, na Praça Sete, e deverá reunir mais de cinco mil estudantes.

Por Mariana Viel, da redação do Vermelho-Minas

Segundo o presidente da União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais (UEE-MG), Paulo Sérgio de Oliveira, a atividade reunirá todas as organizações de juventude do estado com a pauta central “unir a juventude para avançar nas mudanças através das Reformas Democráticas”. O slogan da Jornada de Lutas da Juventude mineira é: ‘A Educação em Minas não é levada a sério’.

“Nos últimos 10 anos o nosso estado vive sobre o governo de oligarquias que não investe o mínimo Constitucional de 25% do PIB na Educação de Minas. É um governo com poucos compromissos com as áreas sociais e que mantém esse arranjo, e logrou êxito nas últimas eleições, fruto de um apoio muito grande também da mídia”, afirma Paulo Sérgio.

A atividade reunirá estudantes da capital mineira e de cidades da região metropolitana como Betim, Contagem e Sarzedo e de cidades do interior do estado como Juiz de Fora, Montes Claros, Ipatinga, Coronel Fabriciano e Governador Valadares.

Segundo o dirigente estudantil, o governo estadual faz uma forte propaganda midiática apresentando um modelo de educação muito distante da realidade. Ele denuncia que a estrutura física da maioria das escolas de Minas Gerais é arcaica e o governo acaba fazendo escolas modelo na região central como é o caso de Belo Horizonte que são usadas nas propagandas do governo.

“O problema é que a maioria das escolas não condiz com a realidade das propagandas. O que vemos quando percorremos as escolas e universidades é que o ensino no estado ainda carece muito de investimentos”, enfatiza.

Outra reivindicação dos estudantes diz respeito ao Piso Nacional dos Professores que também não é pago pelo estado. “Achamos que a luta pela educação em Minas envolve todos os setores ligados direta ou indiretamente a ela como professores, estudantes, servidores e pais. Queremos garantir a qualidade do ensino como um todo e parte disso é a luta pelo piso dos professores”.

O estudante questiona ainda a aprovação, em julho de 2013, de uma lei para que a Universidade Estadual de Minas Gerais (Uemg) absorvesse mais seis fundações de ensino do interior do estado – tornando dessa maneira a terceira maior de Minas. O grande problema é o governo não apresentou ainda um planejamento estratégico de investimentos e financiamentos.

Ainda de acordo com Paulo Sérgio, outra pauta importante das entidades estudantis é a criação do Fundo Social do Minério. A UEE apresentou na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) um projeto de emenda que não tramitou na Casa. “Para nossa base social é muito importante fazer com que durante a votação do Marco Regulatório do Minério seja criado também esse Fundo Social e que esses recursos dos royalties do minério sejam vinculados à educação em Minas Gerais. Para que de fato o nosso estado tenha uma política de investimentos”.

Após as manifestações de junho há um clima dentro das universidades e escolas mineiras de maior participação dos jovens na política. Para ele, esse é o momento de organizar esses jovens em torno da luta de bandeiras tão palpáveis e tão importantes para a juventude no estado. Para isso as entidades estudantis têm intensificado a visita a universidades e realizado atividades e palestras.

“Não temos uma relação muito amistosa com o governo que insiste em não nos receber, mas acreditamos que ele deve abrir um canal de diálogo com os movimentos sociais. Um problema que vivemos no estado e que também está na pauta da Jornada de Lutas é extermínio da juventude pobre e negra da periferia de Minas. Acreditamos que o governo deve ouvir a voz da juventude nas ruas e dar respostas para as nossas reivindicações”.