Resistência à Ditadura: Vereadores homenageiam cearenses

Em uma noite marcada pela emoção do encontro de personagens da história e do presente do Ceará e do Brasil, o deputado federal Chico Lopes (PCdoB) foi um dos homenageados, na Câmara Municipal de Fortaleza, em sessão solene pelos 50 anos de resistência ao golpe militar de 1964, proposta pelo vereador Evaldo Lima.

Além do parlamentar comunista, outros grandes nomes da resistência ao regime militar em nosso Estado também foram agraciados, sob muitos aplausos. Com direito a uma contagiante apresentação, feita pelo vereador Evaldo Lima (PCdoB), autor do requerimento da sessão solene, passando em revista os principais episódios históricos desde a eclosão do golpe até o fim da ditadura e a redemocratização do Brasil.

“Este é um momento muito importante, em que temos a oportunidade de reencontrar tanta gente que deu sua contribuição com grande sacrifício pessoal, que teve coragem de lutar contra a ditadura, contra a tortura, contra o regime de exceção, para trazer o Brasil de volta pra democracia”, destacou Chico Lopes, apresentado pelo vereador Evaldo Lima como “orgulho da luta do povo cearense”.

“Nos 50 anos do golpe, é muito importante um momento assim, para que as pessoas mais jovens possam conhecer melhor essa história, saber do que se passou no nosso País e entender por que essas lutas continuam hoje, por mais justiça social, mais igualdade, mais distribuição de renda, uma vida melhor pro povo”, acrescentou Lopes.

O vereador Evaldo Lima destacou os efeitos nocivos da ditadura em variadores setores, da economia (com o arrocho salarial, o favorecimento ao imperialismo e ao grande capital estrangeiro, a falência de empresas nacionais)à cultura e à comunicação, com a censura à imprensa e à produção artística. De Geraldo Vandré com “Pra não dizer que não falei de flores” a Elis Regina com “O bêbado e a equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc, canções ajudaram a recontar a história dos que caminharam na vida pelo fim do regime de arbítrio, em que a tortura e o assassinato foram institucionalizados como políticas de Estado.

Homenageados

Outro momento emocionante da sessão solene foi a entrega de placas aos homenageados, pelos 50 anos de resistência ao golpe. Abel Rodrigues, secretário estadual de Organização do PCdoB, recebeu sua placa das mãos de Carlos Augusto Diógenes, o Patinhas, presidente de honra do Comitê Estadual do partido. “Ao povo brasileiro, que conquistou a democracia!”, dedicou Abel Rodrigues a homenagem recebida.

Vice-presidente do Comitê Estadual do PCdoB, o advogado Benedito Bizerril recebeu sua homenagem do assessor de planejamento da Secretaria de Cultura de Fortaleza e secretário estadual de Comunicação do PCdoB, Inácio Carvalho. Já o deputado federal Chico Lopes recebeu a placa das mãos de seu colega de partido e de bancada João Ananias.

O secretário de Esporte do Governo do Estado, Gilva Paiva, entregou a homenagem ao cineasta escritor e produtor cultural Francis Vale, enquanto a professora da UFC Helena Serra Azul Monteiro recebeu sua placa das mãos de seu filho, Manuel Monteiro. Ambos lembraram Chico Monteiro, o Chico Passeata.

Inocêncio Rodrigues Uchoa recebeu a placa entregue por seu filho, Marcelo Uchoa, enquanto Nadja Raposo, filha do militante Manuel Raposo, recebeu da livreira e produtora cultural Mileide Flores a homenagem prestada in memoriam. O senador Inácio Arruda (PCdoB) entregou a placa de homenagem à militante e educadora biocêntrica Ruth Cavalcante.

Os irmãos Mário e Pedro Albuquerque também foram homenageados, sendo Mário representado por sua mãe, Maria de Lurdes Miranda Albuquerque, que recebeu a placa das mãos do professor Mário Araújo. Já a filha de Pedro Albuquerque, Isabele, entregou ao pai a homenagem.

O deputado estadual Lula Morais (PCdoB) fez a entrega da placa dedicada a Carlos Augusto Diógenes, o Patinhas, enquanto Benedito Bizerril e Inocêncio Uchoa entregaram a placa distintiva a Tarcísio Leitão, que teve seu mandato de vereador de Fortaleza interrompido arbitrariamente, devido ao golpe de 1964. Tarcísio Leitão recebeu as homenagens in memoriam dedicadas a José Ferreira Alencar, José Ferreira Lima e Luciano Barreira.

Escolhido para falar em nome de todos os homenageados, Tarcísio Leitão destacou as lutas dos trabalhadores, ontem e hoje. “A maior crise do sistema capitalista chegou pra ficar. A classe operária foi vencida pela revolução tecnológica”, apontou, frisando a necessidade de continuidade da luta e o papel do PCdoB, “o maior partido comunista da América do Sul”.

Representatividade

A sessão solene também contou com representantes da União Nacional dos Estudantes (Germana Amaral), União da Juventude Socialista (Rudiney de Souza), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Edvar Neto), Cebrapaz (Teresinha Braga) e União Brasileira de Mulheres (Bárbara Cipriano). Ao final da solenidade, muitos abraços, encontros e um lema destacado por todos: “Ditadura nunca mais”.

De Fortaleza,
Dalwton Moura