Irã volta à negociação nuclear e rebate acusações europeias

A equipe diplomática da República Islâmica do Irã, encabeçada pelo chanceler persa Mohamed Javad Zarif, viaja para Viena, capital da Áustria, nesta segunda-feira (7), para mais uma rodada de negociações sobre o seu programa nuclear com o Grupo 5+1 (Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha). O encontro será marcado pela declaração política emitida pelo Parlamento Europeu contra o Irã em matéria de direitos humanos, à qual as autoridades persas reagiram no domingo (6).

União Europeia e Irã - Ronald Zak / Associated Press

De acordo com a agenda da reunião entre o Irã e o G5+1, formado pelos cinco membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas e a Alemanha, o ministro persa das Relações Exteriores, Zarif, participará de um jantar com a alta representante da União Europeia (UE) para Assuntos Exteriores e Política de Segurança, Catherine Ashton.

O encontro permitirá às autoridades estudar os relatórios das delegações de especialistas e determinar os eixos dos diálogos subsequentes, na terça (8) e na quarta-feira (9), quando os representantes do Irã e do G5+1 abordarão questões pendentes, inclusive os temas já tratados.

Como assuntos cruciais tratados na rodada anterior, realizada de 17 a 19 de março, também em Viena – onde fica a sede da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) – ficam destacados o levantamento das sanções contra o Irã, o nível de enriquecimento de urânio pelo programa nuclear persa, as cooperações nucleares pacíficas e o reator de água pesada (ou deuterada) de Arak, no centro do país.

O objetivo das reuniões retomadas em janeiro, após um acordo-quadro assinado em novembro, é o estabelecimento de um acordo definitivo que permita ao Irã e ao G5+1 superarem as desconfianças e eliminarem a retórica agressiva relativa ao programa nuclear persa, que as autoridades iranianas garantem ter objetivos civis, e não militares, ao contrário do que alegam os membros ocidentais do Conselho de Segurança e regimes agressivos como o israelense.

Neste sentido, algumas posições ocidentais colocam desafios à continuidade da diplomacia, como as discussões, nos EUA, sobre a manutenção e até aprofundamento das sanções contra o Irã – principalmente sob a pressão do lobby pró-israelense ao governo – e, na UE, as acusações institucionalizadas contra o governo persa.

Acusações sem legitimidade e contraproducentes

Em reação a uma resolução recente aprovada no Parlamento Europeu (PE), em que o bloco condena o Irã em questões de direitos humanos, o chanceler persa Zarif disse, no domingo (6), que a entidade não tem legitimidade para opinar sobre o tema em outros países. O PE, afirmou, “desempenha um papel pouco considerável nas decisões da Europa, assim como no cenário político internacional.”

Zarif refere-se ao fato de que o parlamento, apesar de ser o único órgão cujos representantes são votados pelos europeus, não tem papel Executivo ou de decisões estruturais e, ainda, cujas eleições atraem apenas 43% dos votantes, enquanto as eleições iranianas, em 2013, contou com a participação de 73% dos eleitores.

Além disso, ele afirmou que “uma entidade extremista como o PE não pode aconselhar os iranianos, que têm uma história de pacifismo, sobre como respeitar os direitos humanos, enquanto registram numerosos crimes contra a humanidade.”

A Chancelaria persa já havia qualificado de “contraproducente e carente de realidade” a resolução do PE, que além de criticar a situação dos direitos humanos no Irã, inclui alegações falsas sobre as eleições presidenciais de 14 de junho de 2013 e o programa nuclear que está sendo negociado.

Da Redação do Vermelho,
Com informações da emissora HispanTV