Argentina denuncia exercícios militares britânicos nas Malvinas

A Argentina denunciou nesta sexta-feira (11) que o Reino Unido realizará de 14 a 27 de abril manobras militares no território argentino ocupado das Ilhas Malvinas, incluindo lançamento de mísseis, o que viola convênios e tratados internacionais.

Misseis britânicos nas Malvinas - Prensa Latina

Em um comunicado, o chanceler Héctor Timerman lembra que esse padrão de conduta já foi denunciado pela presidenta Cristina Kirchner no dia 2 de abril, no entanto, "se repetem as provocações e atos hostis de uma potência nuclear extra-continental contra a Argentina".

O vice-ministro de relações exteriores, Eduardo Zuain, entregou nesta sexta-feira uma "nota de protesto enérgico contra essa nova exibição de força militar em uma zona de paz, como é o caso do Atlântico Sul, por uma das fundadoras e principais potências militares da Organização do Tratado do Atlântico Norte".

Timerman enfatiza que "essa medida constitui uma nova demonstração de que o Reino Unido ignora o que está plasmado nas resoluções das Nações Unidas, que chamam ambas partes a retomar as negociações de soberania e a se abster de introduzir mudanças unilaterais na situação enquanto a controvérsia persistir".

As forças britânicas mobilizarão nesses exercícios militares uma esquadra de sua Defesa Aérea que tem seis baterias móveis instaladas de mísseis "Rapiers", localizadas na proximidade da Base Aérea Monte Agradable e do Porto Militar de Puerto Yegua, nas Malvinas.

Este nova medida de agressão colonial, afirma Timerman, foi comunicada ao Secretário Geral da ONU, ao Presidente do Comitê de Descolonização e ao secretário geral da Organização Marítima Internacional (OMI), que pertence a esse órgão mundial.

A União de Nações Sul-americanas também foi avisada, assim como a Organização de Estados Americanos, a Cúpula Ibero-americana, a Liga Árabe, o Mercosul, a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos, a União Africana, o Grupo dos 77 mais China, e a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul.

A nota da Chancelaria lembra que esse mesmo armamento militar foi utilizado por Londres em diferentes cenários de guerra, inclusive no Oriente Médio e no Afeganistão.

A presidenta Cristina Kirchner declarou recentemente que a ocupação das Malvinas não é mais que uma desculpa para o estabelecimento de uma poderosa base militar, que sirva os interesses estratégicos da Otan no Atlântico Sul com projeções sobre a Antártida, o Pacífico e o Oceano Índico.

A Base de Monte Agradable constitui atualmente o maior enclave militar existente ao sul do Paralelo 50. Buenos Aires também denunciou que o Reino Unido enviou submarinos com capacidade nuclear a essa zona, em violação de tratados internacionais.

Esta conduta do Reino Unido é incompatível com suas obrigações como membro da ONU e sua Carta em relação à solução pacífica das controvérsias internacionais.

Essa mobilização militar em uma zona de paz e desnuclearizada afeta não só a Argentina, mas também os países da América Latina, do Caribe e de outras regiões que expressaram sua preocupação em fóruns internacionais, em particular na Reunião Ministerial da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul.

A Argentina responsabiliza o "governo do Reino Unido por qualquer dano derivado deste novo ato violatório da Resolução 31/49 da Assembleia Geral das Nações Unidas", conclui o comunicado.

Fonte: Prensa Latina