Coleção Pajeú apresenta mapa literário de Fortaleza

Com textos que retratam a história de sete bairros de Fortaleza, Coleção Pajeú será lançada nesta terça-feira, dia 15.

Banhada pelo sol e pelo mar, Fortaleza chega neste mês aos seus 288 anos. As cores e as construções que dividem um bairro e outro marcam a história de quem faz e vive a cidade. Centro, Barra do Ceará, Mucuripe, Pici, Parangaba, Maraponga, Messejana. Cada lugar guarda fios memoriais de uma cultura em constante transformação. A união desses fios resulta, na próxima terça-feira, no lançamento da Coleção Pajeú, série que reúne sete livros inéditos, desafiados a contemplar a história de importantes bairros da capital. O lançamento faz parte da programação do 5º Seminário do Patrimônio Cultural, que, este ano, vai discutir a educação para o patrimônio.

De acordo com o coordenador de Patrimônio Histórico e Cultural da Secretaria de Cultura de Fortaleza, Alênio Carlos, a ideia é colocar em pauta as memórias desses bairros. "Como a coleção já vem com uma proposta de democratização do acesso à cultura, pensamos também em democratizar a cidade, contemplando pontos das seis regionais e mais o Centro", explica.

Até mesmo no nome, a coleção se pretende democrática. A referência ao riacho Pajeú, que percorre integralmente a cidade, não foi por acaso. Responsável pela concepção e coordenação editorial, Gylmar Chaves já alimentava a ideia desde 1999, após retornar de uma viagem ao Rio de Janeiro, onde havia sido lançada a coleção "Cantos do Rio", com uma proposta semelhante. "Cheguei aqui com uma saudade imensa de Fortaleza. Passei uns dias andando pelos bairros e surgiu o desejo de lançar uma coleção que despertasse a autoestima dos moradores para os valores históricos e as celebrações que cada lugar contempla", recorda.

A parceria com a coordenação de Patrimônio Histórico e Cultural da Secultfor aconteceu no ano passado. "É a nossa primeira coleção. Até então, tínhamos obras muito esporádicas e a ideia é que, até o fim da gestão, nós continuemos com o trabalho para contemplar o restante da cidade", destaca Alênio.

Obras

Cada livro da coleção foi escrito por um autor diferente do meio lítero-histórico do Ceará. Segundo Gylmar Chaves, com o objetivo de atender ao maior número de pessoas, as obras não pretendem afirmar um estilo único. "Cada autor escreveu de acordo com sua vivência e estilo. Alguns fizeram crônicas, outros preferiram narrativas históricas", explica. No processo de escolha dos escritores, buscou-se contemplar a relação afetiva que cada um mantém com o lugar.

Bernardo Neto foi o responsável por retratar a Barra do Ceará. A convivência do autor com o lugar já ultrapassa os trinta anos. Ainda na infância, ele mergulhou no cenário paradisíaco do local. "Eu considero a Barra a janela da minha trajetória cultural", conta.

Para o livro, Bernardo selecionou assuntos que envolvem o lado ecológico e cultural do ambiente. A história dos personagens que ainda hoje contribuem para o desenvolvimento do bairro também tiveram destaque.

Além dele, outros seis escritores debruçaram-se sobre esse desafio. Raymundo Netto com o Centro, Fernanda Coutinho com a Maraponga, Edmar Freitas com a Messejana, Audifax Rios com o Mucuripe, José Borzacchiello da Silva com a Parangaba e Pedro Salgueiro com o Pici. As publicações, em formato de bolso, pretendem atender pessoas de todas as camadas sociais e alunos da rede pública de ensino. Ao todo, 7 mil exemplares serão divulgados, sendo 1 mil de cada bairro.

Difusão

Para Alênio Carlos, a repercussão do produto não deve se restringir ao lançamento. A ideia é que os autores ministrem workshops nas escolas públicas dos bairros contemplados, concretizando a proposta de educação patrimonial. A Coordenação do Patrimônio Histórico e Cultural da Secultfor também pretende alinhar a iniciativa com o projeto Agentes de Leitura da Secretaria de Cultura do Estado. "Queremos alimentar a criatividade e o acesso à cultura em diversos espaços", afirma o coordenador.

A coleção, portanto, não tem caráter de vendagem. "Vamos distribuir gratuitamente na rede de ensino, tanto na pública como na privada. Uma parte vai para as bibliotecas municipais e estaduais e a outra parcela para a Fundação da Biblioteca Nacional, pois visamos um caráter de difusão amplo", destaca.

Os próximos livros a serem desenvolvidos pelo projeto também serão anunciados nesta terça-feira, 15. Gylmar adianta que a próxima etapa contempla seis exemplares referentes a outros bairros de Fortaleza e mais um infantil sobre a Cidade da Criança. Aldeota, Bom Jardim, Benfica e Aerolândia estão entre as novidades. "Os moradores dos bairros, ao terem contato com esses livros, também têm contato com a trajetória de sua vida e, com certeza, passam a valorizar sua história, vivências, valores, lugares e afetos", aponta, otimista, o organizador da coleção.

Serviço

Lançamento da Coleção Pajeú,
nesta terça-feira, às 18 horas,
no Crea-CE (Rua Castro e Silva, 81 – Centro).
Contato: (85) 3105.1291

Fonte: Diário do Nordeste