Chanceleres discutem confrontos na Ucrânia e operação militar

Enquanto as tensões aumentam exponencialmente no leste da Ucrânia – quando o governo interino lança uma operação militar contra manifestantes que não reconhecem a sua legitimidade e que exigem o direito à autodeterminação –, a Rússia, os EUA, a União Europeia e as forças políticas ucranianas em oposição reúnem-se em Genebra, na Suíça, nesta quinta-feira (17). Um grupo de soldados baixou as armas, mas a iminência de uma guerra civil, para alguns observadores, parece se confirmar.

Reunião de chanceleres - Chancelaria da Rússia

A reunião vinha sendo promovida pelo governo russo, em detrimento da escalada ofensiva por parte das potências ocidentais que, respaldando as forças golpistas na Ucrânia, aumentam a sua presença militar na vizinhança. O chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, e seus homólogos ocidentais chegaram nesta manhã à cidade suíça para os diálogos, enquanto a Ucrânia entra no segundo dia do que alguns observadores já classificam de uma guerra civil, embora ainda faltem elementos para confirmar a questão.

Leia também:
Operação militar contra civis no leste da Ucrânia aumenta tensões
Rússia reage à maior presença militar dos EUA e da Otan no leste
Casa Branca confirma rumores sobre visita do chefe da CIA a Kiev
Medvedev: Golpistas em Kiev arrastam a Ucrânia a uma guerra civil
Conselho de Segurança faz reunião de emergência sobre a Ucrânia

Na quarta-feira (16), o governo interino deu início ao que classificou de operação “antiterrorista”, enviando soldados e tanques a locais ocupados pelos manifestantes e ordenando caças sobrevoarem cidades em que grande parte da população está reivindicando um referendo para separar-se da Ucrânia, rejeitando a autoridade das forças instaladas no poder após o golpe, resultado da ingerência ocidental e de meses de protestos que tomaram dimensões violentas, com contornos fascistas e neonazistas.

Segundo relatos transmitidos pela emissora Russia Today, soldados que baixaram as armas durante a operação militar contra os manifestantes, no leste da Ucrânia, enfrentarão um tribunal, de acordo com o presidente interino do governo golpista, Aleksandr Turchinov, que os classificou de “covardes”, durante uma sessão parlamentar.

Ainda na quarta-feira, soldados integrantes da 25ª Brigada, enviada à base militar aérea de Kramatorsk, ocupada pelos manifestantes, decidiu deixar as armas e trocar de lado, unindo-se às milícias de autodefesa. Os soldados tinham sido informados de que combateriam “terroristas”.

No fim do dia, o Movimento do Sudeste de Donetsk pela Federalização fez uma lista de exigências, de acordo com a agência de notícias Itar-Tass, pedindo a reforma constitucional para a federalização do país, um perdão aos manifestantes contrários ao governo, a suspensão das forças mobilizadas e um fim às operações militares na Ucrânia.

Tensões em escalada e maior presença militar da Otan

Já no início desta quinta, a Russia Today informou que três pessoas foram mortas e outras 13 ficaram feridas em confrontos entre os manifestantes contra o governo interino e os soldados enviados pelo Ministério do Interior a outra base militar, na cidade de Mariupol, de acordo com uma publicação do ministro Arsen Avakov em sua página de Facebook.

Além disso, a Força Aérea Ucraniana enviou vários helicópteros e caças de combate que sobrevoaram as cidades de Kramatorsk e Slavyansky, na região rebelde de Donetsk. Durante uma entrevista coletiva, o presidente da Rússia Vladmir Putin criticou o governo interino da Ucrânia por usar tanques e caças contra os seus próprios cidadãos.

“Eles estão loucos?”, indagou, ao mesmo tempo em que afirmou que a abordagem com o pedido para os rebeldes deporem as armas é correta, mas deve ser aplicada também aos radicais nacionalistas.

Enquanto os diplomatas envolvidos na questão reúnem-se em Genebra, novos relatos sobre o aumento da presença militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) continuam evidenciando a abordagem ofensiva dos aliados. A organização planeja tomar ainda mais medidas, enviando navios de guerra e intensificando patrulhas aéreas na região do Mar Báltico e do Mediterrâneo. Um contratorpedeiro estadunidense também foi enviado ao porto da Romênia, no Mar Morto, nos últimos dias.

“Nossos planos de defesa serão revistos e fortalecidos”, disse o secretário-geral da Otan, Anders Rasmussen, em uma coletiva de imprensa em Bruxelas, Bélgica. Ele completou que a aliança militarista ainda não chegou a um acordo sobre o envio de tropas para o leste europeu, somando propostas à tendência de ascensão da retórica belicosa das potências ocidentais.

Da Redação do Vermelho,
Com informações das agências de notícias e da Russia Today