UJS-Minas debaterá a participação da juventude nos rumos do país

A ocupação dos espaços públicos urbanos e o direito de viver em toda sua plenitude os anseios e experiências da juventude são alguns dos desafios que a União da Juventude Socialista de Minas Gerais (UJS-Minas) se prepara para debater durante seu 11º Congresso Estadual. O evento acontece nos próximos dias 9 e 10 de maio, em Contagem, e deverá reunir cerca de mil jovens de todo estado.

Por Mariana Viel, da redação do Vermelho-Minas

A entidade defende ainda a necessidade da compreensão estratégica das novas formas de atuação da juventude nos rumos do país. As manifestações de junho de 2013 – que levaram milhares de pessoas às ruas de todo Brasil – evidenciaram o interesse dos jovens brasileiros de participarem das decisões políticas nacionais.

Para a presidenta da UJS-Minas, Luiza Lafetá, os mais de 55 milhões de jovens brasileiros são muito diferentes daqueles de 10 anos atrás. “É uma juventude com mais oportunidades de acesso às universidades, de trabalho e de renda. Essa nova juventude que entra na universidade e que tem novas perspectivas de vida também tem novos comportamentos e outras visões sobre a sociedade e o Brasil”, afirma.

“O comportamento da juventude teve uma mudança muito drástica. Percebemos que o poder público e os movimentos sociais precisam estar mais abertos para a participação da juventude. Não dá para a juventude e a população em geral ser chamada para participar apenas de dois em dois anos durante as eleições. O voto não é a única forma de participação. Este é um momento de estimularmos novas formas de organização. Por isso, o Congresso da UJS será amplo, aberto e com um espaço para quem quer debater todo e qualquer tema de acordo com a sua afinidade e área de interesse”.

Muitas das conquistas asseguradas após a derrota do projeto neoliberal liderado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso têm a marca das bandeiras que a UJS defende em seus quase 30 anos de existência. Nesse sentindo, participação e renovação são as chaves que a UJS pretende equacionar para potencializar a organização da juventude brasileira. “Não achamos que tudo mudou depois das manifestações de junho. Achamos que os protestos foram o estopim de uma nova geração, que tem mais informação e que é mais conectada. Queremos disputar essa visão para que ela seja progressista e para que ela também reconheça a identidade nacional”.

A maior contribuição da juventude mineira para o 17º Congresso Nacional da UJS – que acontece entre os dias 22 e 25 de maio, em Brasília – será o fortalecimento de uma grande rede de jovens preparados para enfrentar o projeto tucano em Minas Gerais e no Brasil. “Vamos levar para a etapa nacional a convicção de que não será de Minas Gerais que sairá o projeto que irá impor a derrota ao governo democrático progressista que vivenciamos nos últimos 11 anos, através dos governos do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma. O principal candidato das forças políticas conservadoras brasileiras é de Minas Gerais e precisamos mostrar que o projeto que Aécio Neves apresenta para o Brasil é um projeto fracassado, que não trouxe benefícios para os trabalhadores e jovens mineiros”.

A educação em Minas não é levada a sério

Em Minas, as atuais lutas e mobilizações da entidade são pela redução da passagem do transporte público, pelo fim do Reinventando o Ensino Médio [programa de reformulação do governo do estado que tem sido implementado nas escolas estaduais], pela aprovação do Fundo Social do Minério e pelo incentivo à rede estadual de Escola Técnica.

No começo do mês de abril a UJS-Minas – maior organização de juventude do estado – liderou a Jornada de Lutas da Juventude no estado. Atualmente, a União Estadual dos Estudantes (UEE) realiza uma caravana que visitará mais de 60 universidades em todo o estado, através da Jornada pela Educação, para debater o Fundo Social do Minério e a mercantilização do ensino superior privado. Já a recém-eleita diretoria da União Colegial de Minas Gerais (UCMG) tem como principal luta para o próximo período o Programa Reinventado o Ensino Médio e a Rede Estadual de Escolas Técnicas.

Luiza aponta que um dos grandes impasses da juventude que vive na capital mineira e nos grandes centros urbanos do país é a falta de espaços e equipamentos públicos. Este é um problema que também está relacionado com a vida da juventude na periferia. No final do mês de março foram registrados em apenas uma semana, no Alto Vera Cruz – região Leste de Belo Horizonte –, o assassinato de 12 jovens fruto da violência generalizada e da falta de oportunidades.

As mortes trazem à tona a questão da desmilitarização da polícia e o direito da juventude viver. Durante audiência com a presidenta Dilma Rousseff, no último dia 10 de abril, cerca de 30 organizações sociais do Movimento de Juventude brasileiro entregaram uma pauta de reivindicações ao governo federal. Os debates enfatizaram a necessidade de novas políticas públicas que deem oportunidades para os jovens brasileiros e a revisão do Auto de Resistência [termo legal utilizado pela polícia para justificar nos boletins de ocorrência mortes e lesões corporais ocorridas durante confrontos].

Ao mesmo tempo em que o governo federal cria novas oportunidades para a participação da juventude nos espaços de decisão, em Minas Gerais o governo estadual mantém uma política de pouco ou quase nenhum diálogo. “É uma relação muito fechada”, denuncia a presidenta da UJS-Minas. “A Subsecretaria de Juventude não se reúne com os movimentos sociais. Solicitamos recentemente uma reunião com a secretária de Educação do Estado de Minas Gerais, Lucia Gazzola, mas ela nos deu uma resposta convicta de que a Educação no estado está ótima e que não tem nada para conversar conosco. Fazemos audiências públicas na Assembleia Legislativa e convidamos o governo de Minas e ninguém aparece. É uma relação muito difícil. Por isso a nossa pressão é majoritariamente popular e nas ruas”.

Programação do 11º Congresso Estadual

As atividades do 11º Congresso Estadual da UJS-Minas irão integrar a programação do Festival Vermelho – evento realizado pela Prefeitura de Contagem, em parceria com sindicatos e centrais, para descomemorar os 50 anos do Golpe de 64 e lembrar a greve dos metalúrgicos de Contagem em 1968, a primeira grande mobilização sindical do Brasil durante o período da ditadura militar.

No dia 8 de maio (quinta-feira), a partir das 17 horas, será realizado um cortejo de abertura do evento nas ruas do centro da capital mineira – que irá seguir da Praça da Estação até a Praça da Liberdade.

Na sexta-feira (9), a partir das 9 horas, acontece a primeira mesa de debates com o tema “Amar em Mudar Minas". As discussões iniciais do Congresso terão a participação do prefeito de Contagem, Carlin Moura, do ex-presidente da UJS e atual presidente do PCdoB-Minas, Wadson Ribeiro e do presidente da CTB-Minas, Marcelino Granja. A programação do inclui mostras literárias e cinematográficas, oficinas, shows, tendas de esportes radicais e debates.

Confira abaixo a programação completa do 11º Congresso da UJS-Minas


8 de Maio (Quinta-Feira)

17 horas – Abertura: Cortejo pelo centro de Belo Horizonte #OcuparPraMudarAsCoisas até a Praça da Liberdade

21 horas – Retorno ao Alojamento – Festa de Abertura


9 de Maio (Sexta-Feira)

8 horas – Café da Manhã

9 horas – Debate tema “Amar em Mudar Minas" Carlin Moura (Prefeito de Contagem), Wadson Ribeiro (Presidente Estadual do PCdoB) Marcelino Granja (Presidente CTB)

11h30 – Almoço

11 horas – Mostra Cultural Vianinha
11 horas – Mostra Literária Simultânea Guimarães Rosa
11 horas – Espaço Sabotagem de HipHop

13 horas – Grupos de Debate

1. Desmilitarização da Polícia – Fora do Eixo, Forun das Juventudes da Grande BH, Unegro, Favela é Isso Ai
2. Ta na hora de legalizar o debate – Marcha da Maconha, Ismael Cardoso (Sec. De Comunicação UJS);
3. Ocupa a Cidade – Família de Rua, Rolezinho, Francis (CUFA)
4. Emancipar as mulheres e amar as coisas – Jô Moraes (Deputa Federal), Luiza Lafetá (Presidente Estadual da UJS);
5. Democratização da Mídia – Kerison Lopes (Pres. Dos sindicatos dos Jornalistas), Juarez Guimarães (Prof DCP da UFMG);
6. #Acopa TemqueSerNossa – Fernando Maximo (Sec de Planejamento de Contagem), Diogo Oliveira (Sec. De Juventude do PCdoB MG)

16 horas – Grupos de trabalho/Oficinas

1. Organização
2. Tesouraria
3. PPJ
4. M.E Estudantil
5. M.E Secundarista
6. LGBT
7. Combate ao Racismo
8. Cultura
9. Stencil
10. Bateria
19 horas – Cine Clube

19 horas – Saral – Debates 50 Anos do Golpe
19 horas – Copa Oswaldão de Futebol

21 horas – Jantar

22 horas – Atividade Cultural


10 de Maio (Sábado)

9 horas – Café da Manhã

10 horas – Ato Político: UJS 30 anos, Juventude Ocupando pra Mudar a Política Carlin Moura (Prefeito de Contagem), Wadson Ribeiro (Pres. Estadual do PCdoB), Jô Moraes (Deputada Federal), Juventudes Partidárias

12 horas – Almoço

14 horas – Plenária Final

19 horas – Show de Encerramento do Congresso